A sedução da vinha Maria Teresa

Este tinto só mostrará a sua grandeza daqui a anos, mas prová-lo agora é notar os seus aromas ricos, sentir as sensações que produz na boca e esperar pelo seu longo, intenso e fresco final de boca.

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O Crasto Maria Teresa nasce desta vinha centenária na Quinta do Crasto, concelho de Sabrosa
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No universo dos vinhos, há poucos prazeres tão raros e sublimes como provar as criações de um grande enólogo, de um vigneron reputado ou a vindima de uma vinha singular. Em qualquer destes casos, o que é capaz de impressionar os sentidos e influenciar a percepção são as sensações únicas dessas experiências. Claro que o contexto global conta: um Douro será sempre um Douro e um Alentejo um Alentejo. Mas, provar um tinto com a biografia natural da Vinha Maria Teresa proporciona sempre novas descobertas e novas interpelações. Um enófilo principiante gostará sempre porque o vinho é extraordinário pela sua riqueza de sabores ou pela fineza dos seus taninos e um provador com alguma experiência será sempre seduzido pelo carácter único destes vinhos de terroir.

Compreende-se assim a aposta da Quinta do Crasto na preservação da identidade genética da vinha que leva o nome da neta de um dos seus antigos proprietários, Constantino de Almeida. O recurso à agricultura de precisão, procurando preservar o perfil da vinha centenária, tem como propósito produzir um vinho preciso, identificável e intemporal. O ano, obviamente, conta, e este 2019 retrata a benesse das temperaturas amenas entre Maio e final de Agosto ou a ausência de stress hídrico. O Douro está lá, na estrutura, no volume, na intensidade ou na expressão da fruta e do bosque. Mas há subtilezas na prova, como a complexidade do seu aroma na conjugação entre fruta, especiaria e esteva, que o tornam diferente.

Produzido em anos de qualidade, sujeito a processos de controlo na vinha e na adega que visam extrair o melhor da produção de cada ano, o Vinha Maria Teresa é o emblema do Crasto. Nesta sua fase ainda muito jovem, pode questionar-se a intensidade da madeira (20 meses de estágio, 90% em carvalho francês e 10% de carvalho americano) e discutir se um pouco menos de barrica não exporia ainda mais e melhor a sua magnífica potência aromática e a textura dos seus taninos. É tudo uma questão de tempo de guarda. Porque, mesmo sabendo que este tinto só mostrará a sua grandeza daqui a anos, prová-lo agora, notar a riqueza dos seus aromas, sentir as vagas de sensações que produz na boca e esperar pelo seu longo, intenso e fresco final de boca é por si só uma experiência que vale a pena.

Nome Crasto Vinha Maria Teresa 2019

Produtor Quinta do Crasto

Castas Vinhas Velhas (mistura de 50 castas, já identificadas)

Região Douro (Gouvinhas, Sabrosa)

Grau alcoólico 14,5%

Preço (euros) 255

Pontuação 95

Autor Manuel Carvalho

Notas de prova O Douro está lá, na estrutura, no volume, na intensidade ou na expressão da fruta e do bosque. Mas há subtilezas na prova, como a complexidade do seu aroma na conjugação entre fruta, especiaria e esteva, que tornam este vinho diferente. É ainda muito jovem, pode questionar-se a intensidade da madeira e discutir se um pouco menos de barrica não exporia ainda mais e melhor a sua magnífica potência aromática e a textura dos seus taninos. É tudo uma questão de tempo de guarda.

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