O filme do dia em que António Costa se demitiu

António Costa apresentou a demissão do cargo de primeiro-ministro ao início da tarde desta terça-feira, 7 de Novembro, na sequência de uma investigação sobre os negócios de lítio e hidrogénio.

i-video
"Obviamente, apresentei a minha demissão". As declarações de Costa ao fechar a porta Maria Lopes
Ouça este artigo
00:00
02:53

Depois de oito anos como primeiro-ministro, três governos e 2930 dias em funções (ao todo), António Costa apresentou esta terça-feira a demissão ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

  • O dia começou com a notícia de que estavam em curso buscas da PSP em diversos ministérios e na residência oficial do primeiro-ministro, no Palácio de São Bento, por causa dos projectos de exploração do lítio em Montalegre, no âmbito de um inquérito que também investiga suspeita de crime nos negócios do hidrogénio verde.​
  • O PÚBLICO apurou, entretanto, que foram detidas cinco pessoas: o chefe de gabinete de António Costa, Vítor Escária; o consultor próximo de Costa, Diogo Lacerda Machado; o presidente da Câmara de Sines, o socialista Nuno Mascarenhas; assim como dois executivos de empresas.
  • Os partidos começaram a reagir à situação política gerada pelas buscas: o CDS pediu a Costa que apresentasse “imediatamente a sua demissão”; o PAN e o Chega optaram por pedir a demissão de João Galamba; a IL quer que Marcelo dissolva o Parlamento se Costa não se demitir. PCP e Bloco foram mais cautelosos, recusando correr atrás de um populismo fácil e pedindo a conclusão dos apuramentos antes de serem retiradas consequências. O Livre pediu esclarecimentos a António Costa.
  • António Costa foi a Belém logo após as primeiras notícias e esteve reunido com Marcelo Rebelo de Sousa. Pouco depois, a RTP avançou que a procuradora-geral da República, Lucília Gago, foi chamada à Presidência da República, onde esteve reunida com Marcelo até às 12h15. Primeiro-ministro e Presidente cancelaram agendas.
  • A Procuradoria-Geral da República divulgou um comunicado ao final da manhã em que confirmava que João Galamba é arguido e que António Costa também vai ser investigado autonomamente pelo Supremo Tribunal de Justiça no caso dos negócios do lítio e do hidrogénio.
  • O Ministério Público revelou também que o perigo de fuga, bem como de continuação da actividade criminosa, de perturbação do inquérito e ainda de perturbação da ordem e tranquilidade públicas estiveram na origem dos mandados de detenção emitidos em nome do chefe de gabinete do primeiro-ministro, do presidente da Câmara Municipal de Sines, de dois administradores da sociedade Start Campus e de um advogado/consultor contratado por esta sociedade.
  • António Costa voltou a Belém para um segundo encontro com Marcelo Rebelo de Sousa. Em seguida, convocou os jornalistas para uma declaração ao país às 14h00 e, após um ligeiro atraso, anunciou ter apresentado o seu pedido de demissão ao Presidente da República. "Estava totalmente disposto a dedicar-me com toda a energia a cumprir o mandato até ao termo desta legislatura", disse.
  • O Presidente da República emitiu uma nota a informar de que já aceitou a demissão do primeiro-ministro e de que vai receber os partidos e convocar uma reunião do Conselho de Estado para dar seguimento ao processo que deverá culminar com a dissolução da Assembleia da República. Só depois, na quinta-feira, falará ao país.
  • Ao final da tarde, o primeiro-ministro chamou todos os os seus ministros a São Bento para uma reunião.
Sugerir correcção
Ler 17 comentários