China e Rússia acusam Ocidente de “espalhar problemas” pelo mundo

Dirigente chinês disse, contudo, que Pequim tem disponibilidade para colaborar com os EUA em matéria de defesa.

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Shoigu ao lado de Zhang Youxia durante o Fórum de Xiangshan Reuters/FLORENCE LO
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Dirigentes russos e chineses uniram-se nas críticas ao Ocidente, embora um dos principais responsáveis pelas Forças Armadas chinesas tenha manifestado a disponibilidade de Pequim em colaborar com os Estados Unidos.

As declarações aconteceram durante o Fórum de Xiangshan, a mais importante cimeira do sector da defesa organizada pela China, que começou este domingo.

O vice-presidente da Comissão Central Militar do Partido Comunista Chinês, Zhang Youxia, acusou “certos países” de “continuar a espalhar problemas ao redor do mundo”, referindo-se de forma indirecta aos EUA e aos seus aliados ocidentais. Estes países, continuou, “criam deliberadamente desordem, interferem em questões regionais, interferem nos assuntos internos dos outros países e promovem revoluções coloridas”, numa referência frequentemente usada pela Rússia para designar movimentos de contestação popular nas antigas repúblicas soviéticas.

O dirigente, que é o “número dois” na hierarquia militar chinesa, apenas atrás do Presidente Xi Jinping, disse, por outro lado, que a China está disposta a “desenvolver relações militares com os EUA tendo por base o respeito mútuo, a coexistência pacífica e uma cooperação vantajosa”.

As declarações de Zhang surgem poucos dias depois de o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, ter estado em Washington para ter reuniões com o Presidente Joe Biden e com o secretário de Estado, Antony Blinken. Em cima da mesa está a possibilidade de Biden e Xi poderem ter um encontro bilateral à margem de uma cimeira marcada para São Francisco, a 11 de Novembro.

Zhang também falou em termos muito duros sobre Taiwan, uma das questões mais problemáticas nas relações entre a China e os EUA, prometendo que Pequim não irá “mostrar piedade” a quem tentar “separar Taiwan da China”.

O tenente-general chinês He Lei foi ainda mais longe e disse que, se a China tiver de usar a força contra Taiwan, essa será “uma guerra de reunificação, justa e legítima”.

A delegação chinesa no Fórum de Xiangshan não contou com a presença do ministro da Defesa, Li Shangfu, que foi demitido sem qualquer justificação na semana passada, de acordo com a Reuters. Li não é visto há dois meses e estava a ser investigado por corrupção. Ainda não foi designado um sucessor.

O ministro russo da Defesa, Serguei Shoigu, acusou o Ocidente de estar a promover um conflito com a Rússia com consequências muito graves. “A linha ocidental de subida de tensão contínua do conflito com a Rússia traz a ameaça de um confronto militar directo entre potências nucleares, o que pode trazer consequências catastróficas”, afirmou, citado pela agência estatal TASS.

Shoigu disse ainda que o objectivo do Ocidente na guerra na Ucrânia era infligir uma “derrota estratégica” à Rússia através de uma “guerra híbrida”.

A China tinha convidado o secretário da Defesa dos EUA, Lloyd Austin, para participar no fórum, mas Washington decidiu enviar Cynthia Xanthi Carras, responsável pelo gabinete da China do departamento.

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