Sánchez pede amnistia pelo “interesse de Espanha” e pela “convivência entre espanhóis”

Pedro Sánchez diz que processo de amnistia pode sarar fracturas na sociedade espanhola.

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Pedro Sánchez caminha em direcção à liderança do próximo Governo em Espanha Reuters/YVES HERMAN
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O ainda primeiro-ministro de Espanha, Pedro Sánchez, assumiu e defendeu, neste sábado, pela primeira vez a controversa amnistia dos delitos na Catalunha durante o processo que culminou na declaração unilateral de independência da região em 2017. Trata-se de mais um passo na aproximação aos partidos catalães para conseguir a maioria parlamentar de forma a constituir Governo.

“No interesse da Espanha, em defesa da coexistência entre os espanhóis, defendo hoje a amnistia na Catalunha pelos acontecimentos da última década”, disse, citado pela agência Reuters, Pedro Sánchez durante uma reunião do comité federal do Partido Socialista (PSOE) em Madrid. O líder socialista assumiu também que esta medida não integrava o seu programa eleitoral — o que, aliás, tem motivado críticas por parte do PP, que conseguiu o maior número de votos nas eleições de 23 de Julho —, mas que é motivada pela situação actual do país.

“Sempre soubemos que tínhamos de continuar no caminho da reunificação e que isso implicaria medidas adicionais. Defendi isso com os perdões, dizendo que eram um primeiro passo e que seriam necessários mais. Não os prevíamos para agora, mas sabíamos que a superação definitiva do conflito exigiria outras medidas no futuro, porque esta ferida não podia ficar aberta indefinidamente. É verdade que não era o nosso plano para esta altura, mas na política, como na vida, nem sempre se pode escolher os momentos em que os nossos planos se concretizam”, reconheceu Sánchez, de acordo com o que escreve o jornal El País.

Pedro Sánchez, que está a tentar formar um governo de coligação, concretizou nesta semana um acordo de coligação com o partido de esquerda Sumar, mas o apoio dos 31 deputados do partido na câmara baixa não é suficiente para garantir a liderança. Para formar a maioria necessária para constituir Governo, precisa do apoio de dois partidos separatistas catalães, a Esquerda Republicana da Catalunha (ERC) e o Juntos pela Catalunha (Junts).

“Para continuarmos a avançar, temos de ultrapassar todos os episódios que no passado nos dividiram e fracturaram as nossas sociedades”, afirmou o líder do PSOE, acrescentando que 80% dos catalães apoiam um acordo sobre a questão.

Mas não é só a oposição que olha para esta possibilidade com dúvidas. Emiliano García-Page, um dos barões do PSOE, advertiu, ainda neste sábado, que não há qualquer garantia de “que o movimento independentista desista de voltar à estaca zero”. “Temos de ter limites claros, é isso que venho deixar aqui. Para mim, o importante não é que o PSOE faça as coisas de acordo com a Constituição, mas que os partidos com quem falamos ou discutimos ou acordamos também façam as coisas de acordo com a Constituição”, avisou.

A ERC e o Junts exigem uma lei de amnistia que poderá envolver 400 pessoas que em 2017 estiveram envolvidas numa tentativa de independência que acabou por fracassar. Os dois partidos insistem também na exigência de promover negociações para um referendo que possa abrir caminho para a independência da Catalunha. Caso o PSOE não vá ao encontro destas exigências, pode mesmo falhar o acordo para uma maioria, lançando assim o país em novas eleições.

No início do mês, quando foi indigitado pelo rei, o líder do PSOE rejeitou mesmo esta hipótese. “Não só porque não está previsto pela Constituição, mas também porque é contrário ao que sempre defendi com as minhas palavras e as minhas acções”, disse na altura. Já na semana passada, Pere Aragonès, presidente do Governo da Catalunha, reafirmou a necessidade de se concretizar um referendo.

O prazo para estar escolhido o próximo presidente do Governo termina a 27 de Novembro, dois meses depois da primeira votação no debate de investidura do líder do PP.

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