É a primeira vez que a Chanel organiza uma exposição de alta relojoaria e Lisboa foi a cidade eleita para expor 25 das mais exclusivas criações da casa francesa. A mostra inclui relógios das linhas Mademoiselle Privé, Première, Boy·friend, J12 e Monsieur e está aberta ao público na loja da Torres Joalheiros, em Lisboa, até 4 de Novembro. “É um orgulho muito grande. Temos aqui todas as peças fabulosas de alta-costura da Chanel”, anuncia Rita Torres, directora de joalharia da distribuidora portuguesa.
São relógios pensados para os amantes da moda e a marca não esconde isso. Quem conhecer a história da icónica Coco Chanel vai perceber ainda melhor alguns dos detalhes das peças expostas na Avenida da Liberdade. Por exemplo, um dos relógios ─ modelo J12, o mais conhecido da marca ─ tem uma representação da emblemática criadora no seu interior, que se vai alterando consoante as horas. Outro tem o movimento mecânico totalmente exposto em forma de camélia, um dos símbolos da casa francesa, reinterpretado por Arnaud Chastaingt, director criativo de relojoaria.
“Somos diferentes porque somos a Chanel e somos uma marca de moda. Esta é razão por que criamos peças tão específicas”, explica a directora de comunicação da marca para o mercado ibérico, Maria Assunta Jimenez. É também por isso que têm um método diferente de trabalhar comparativamente a outras manufacturas suíças. Na Chanel, primeiro o relógio é desenhado e só depois se pensa no movimento.
“Tudo na Chanel é inspirado no estilo que Coco Chanel criou. Funciona muito bem para as mulheres que gostam de moda”, observa a responsável espanhola, enquanto faz uma visita guiada ao PÚBLICO pelos 25 relógios expostos. Rita Torres acompanha e concorda: “Temos de começar a trazer as mulheres para a alta relojoaria. Não pelas complicações, mas pelo encanto dos relógios.”
E se há relógio capaz de fazer o que dizem é a linha Mademoiselle Privé, com destaque para os modelos Bouton. São os relógios que imitam punhos de camisas, ora em tweed dos emblemáticos fatos, ora no material acolchoado das tão requisitadas malas Chanel. “Os tecidos são tratados de maneira muito especial para serem mais resistentes”, detalha Rita Torres, que se confessa uma “apaixonada” pela casa parisiense.
Os Bouton são relógios secretos. Ou seja, é preciso pressionar uma peça para revelar onde está o mostrador, escondido por detrás do botão meticulosamente decorado com pedras preciosas, como rubis, turmalinas ou safiras. Uma destas peças pode custar mais de 225 mil euros e só há cinco de cada modelo, em prol da exclusividade. Quem sabe, uma delas passará a ser de um cliente português.
Isto porque a exposição não é meramente uma mostra artística de alta relojoaria, mas também uma oportunidade de negócio. Todos os relógios estão à venda para os clientes da Torres que, ao longo da semana, vão poder ver as peças em encontros exclusivos.
Há 11 anos que a histórica empresa familiar é responsável por distribuir a relojoaria da Chanel no mercado português e, desde o ano passado, que representa também a linha de joalharia. Foi a boa ligação entre a marca e a empresa ─ além de Lisboa estar na moda ─ que contribuiu para este ser o primeiro destino da exposição de alta relojoaria. “Somos os primeiros de toda a Europa”, celebra Rita Torres, revelando que, depois, os relógios que não forem vendidos seguem para novas paragens no Médio Oriente.
Este tipo de exposições é uma raridade na Chanel que tem um modelo negócio muito centrado na própria marca e pouco em distribuidores. Na moda, por exemplo, a marca só comercializa as colecções nas boutiques Chanel e deixou de ter revendedores. “Não gostam que as coisas saiam da própria empresa, por isso é um orgulho ainda maior”, insiste a directora de joalharia da Torres.
Ainda que a exposição esteja sobretudo centrada no negócio, pode ser visitada livremente pelo público até 4 de Novembro (excepto ao domingo), entre as 10h e as 19h, no número 225 da Avenida da Liberdade, em Lisboa.