Aos 40 anos, eles recusavam-se a abandonar o ninho. A mãe processou-os e ganhou

“A partir de uma certa idade, os pais deixam de ter qualquer obrigação”, deliberou a juíza Simona Caterbi, determinando que os quarentões têm até 18 de Dezembro para sair da casa da mãe.

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O tribunal condenou os dois homens “à libertação e restituição dos bens e coisas que pertencem” à mãe dr/Tingey Injury Law Firm via Unsplash
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Aos 40 e 42 anos, os dois filhos de uma mãe de Pavia, na região italiana da Lombardia, recusavam-se a ganhar asas e a procurar uma vida autónoma da mulher de 75 anos.

A mãe, que não é identificada, ainda tentou empurrá-los para fora do ninho e, quando estas tentativas saíram goradas, convencê-los a contribuírem para as despesas domésticas. Mas nem a isso os dois homens estavam dispostos. Por isso, a mãe procurou ajuda no tribunal, e encontrou-a.

A juíza Simona Caterbi, citada pela agência italiana ANSA, sublinhou, na sentença, que, se “a permanência no imóvel no início podia ser considerada fundamentada”, uma vez que se baseia “na obrigação de alimentos que incumbia à mãe, hoje já não parece justificável”, tendo em conta o facto de “os dois requeridos terem mais de 40 anos”.

Além disso, ambos têm emprego, mas nenhum alguma vez manifestou qualquer vontade de contribuir para o lar, quer com dinheiro, quer com trabalho, apresentando “atitudes desafiadoras” contra a progenitora.

Os dois têm, agora, até 18 de Dezembro para abandonar a propriedade da mãe, tendo sido condenados “à libertação e restituição dos bens e coisas que pertencem” à mãe.

A imprensa italiana lembra a moda dos bamboccioni (bebés grandes, um termo usado pela primeira vez por um político italiano em 2007), que se recusam a sair de casa dos pais, num país em que a média de idade para arranjar casa própria ronda os 35 anos. Até essa idade, 70% dos filhos, segundo dados de 2022, mantêm-se em casa dos pais, mais homens (72,6%) do que mulheres (66%), lembra o Guardian.

Em Portugal, de acordo com o Eurostat, os filhos saem de casa dos pais, em média, aos 29,7 anos, mais cedo do que em Itália, mas, ainda assim, acima da média europeia, fixada, em 2022, nos 26,4 anos.

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