Avdiivka voltou a ser alvo de Moscovo – mas avanços das tropas russas são “marginais”

Apesar de Moscovo afirmar estar numa posição favorável, tanto Kiev como analistas têm desvalorizado os avanços das tropas russas.

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Imagens da destruição em Avdiivka Reuters/STRINGER
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Esta sexta-feira, o Exército ucraniano repeliu uma nova ofensiva russa contra a cidade de Avdiivka, segundo anunciou o Presidente, Volodymyr Zelensky. A cidade do Donbass, no Leste da Ucrânia, tornou-se, nas últimas semanas, mais uma vez, um dos principais focos de combates entre as forças russas e as ucranianas.

Moscovo tem descrito a situação na cidade como sendo mais favorável às tropas russas, apesar de Kiev e vários analistas de guerra terem negado categoricamente as alegações. No dia em que visitou, com outros responsáveis do exército, o Sul de Kherson para discutir a situação no local e em outras frentes como Avdiivka e Kupiansk (cidade a norte de Avdiivka, onde, escreve a Reuters, os combates também se têm intensificado), o Presidente ucraniano congratulou “os seus rapazes” por aguentarem a defesa e “destruírem o invasor dia após dia”.

“Estes dias, as perdas russas são realmente espantosas”, afirmou Zelensky, num vídeo publicado no Telegram. “E é precisamente destas derrotas do invasor que a Ucrânia precisa”, continuou.

A investida contra Avdiivka – que tanto a Rússia como os Estados Unidos já consideraram uma nova ofensiva russa – começou na madrugada do dia 10 de Outubro, numa altura em que os olhos do mundo estavam mais focados no conflito no Médio Oriente, entre Israel e o Hamas. Segundo o The Guardian, o primeiro ataque foi levado a cabo por três batalhões russos, cada um com cerca de 2000 a 3000 tropas.

Com o passar dos dias, os confrontos em Avdiivka mantiveram-se constantes em intensidade, como afirmou Vitalii Barabash, chefe da administração militar da cidade. “A nova onda (de ataques) é tão forte como a que veio antes, nos dias 10 e 11 de Outubro”, afirmou, antes de acrescentar: “É muito difícil. Mas os rapazes estão a aguentar-se e a repelir tudo.”

Vladimir Putin, a 15 de Outubro, citado pelo Le Monde, afirmou sobre a situação em Avdiivka: “As nossas tropas estão a melhorar a sua posição em quase todo este espaço, que é bastante vasto.” No entanto, a análise do Instituto para o Estudo da Guerra (ISW, na sigla em inglês) diz que o Exército russo conseguiu apenas “avanços marginais” na região. O ISW sublinhou ainda os dados partilhados pelo Estado-maior da Ucrânia, que indicam que as forças ucranianas danificaram ou destruíram cerca de 50 tanques russos e mais de cem veículos blindados entre quinta e sexta-feira.

“O facto de as forças russas se terem reagrupado e relançado ofensivas depois dos primeiros ataques mostra que ou as forças russas acreditam que podem, efectivamente, controlar Avdiivka, ou o comando militar russo está a priorizar, de forma errada, as operações militares, independentemente do custo”, escreveu o ISW, na rede social X (antigo Twitter).

A nova incursão russa em Avdiivka pode ter, segundo o Le Monde, um objectivo político por trás: o de mostrar ao povo russo que ainda é possível conquistar o Donbass, algo que foi apontado por Moscovo como um dos principais objectivos.

Não é a primeira vez desde que começou a invasão russa que as forças de Moscovo atacam a cidade, situada a cerca de 90 quilómetros a sul de Bakhmut. Em Março, Vitalli Barabash já descrevia o cenário na cidade como a de um “filme pós-apocalíptico”.

Mas já desde 2014, ano de anexação da Crimeia, que a cidade, por estar localizada a uns meros 20 quilómetros de Donetsk, convive de perto com a comoção provocada pelos movimentos separatistas pró-russos ao longo dos anos.

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