Nova ofensiva russa em Avdiivka. Putin diz que contra-ofensiva ucraniana “falhou completamente”
Este foi o quinto dia consecutivo de ataques à cidade do Donbass, que se tornou um ponto quente dos combates.
As forças armadas russas continuam a atacar a cidade de Avdiivka, no leste da Ucrânia, com bombardeamentos tão violentos que as equipas de emergência não conseguem recuperar os mortos dos edifícios destruídos, segundo responsáveis ucranianos.
Este foi o quinto dia consecutivo de ataques à cidade do Donbass, ponto focal da invasão pelas tropas de Moscovo, que dura há 19 meses.
Tanto a Rússia como os Estados Unidos descreveram o recrudescimento dos combates em torno de Avdiivka como uma nova ofensiva russa.
Os combates intensificaram-se noutros sectores da frente com mil quilómetros, tendo um alto comandante ucraniano afirmado que os confrontos mais a norte tinham "piorado significativamente" nos últimos dias.
Vitaliy Barabash, chefe da administração militar de Avdiivka, disse que os habitantes tinham tido uma rara pausa dos ataques aéreos durante a noite, mas que os ataques tinham recomeçado ao nascer do dia.
"Estão a atacar com tudo o que têm. Estão a disparar, artilharia, rockets, morteiros e muitos aviões", disse Barabash à televisão nacional.
Todas as operações de salvamento e resgate foram interrompidas, explicou, apesar de provavelmente haver vítimas presas sob os escombros de edifícios arrasados por bombardeamentos e ataques aéreos. "As operações não podem ser efectuadas nestas condições. É assustador sair porque a estrada está debaixo de fogo. E não é mais fácil ficar porque não há nenhum sítio, nenhuma cave, que possa resistir aos ataques."
Avdiivka é símbolo de resistência
Barabash disse que 1620 pessoas permanecem em Avdiivka, uma cidade que antes da invasão russa tinha 32.000 habitantes.
A cidade, a 20 quilómetros a oeste de Donetsk, controlada pela Rússia, tornou-se um símbolo de resistência. Resistiu aos ataques em 2014, quando os separatistas apoiados pela Rússia tomaram áreas do leste da Ucrânia e, desde então, viu muito reforçada a sua protecção.
A contra-ofensiva ucraniana, que dura há quatro meses, tem feito alguns progressos tanto no leste, perto da cidade destruída de Bakhmut, tomada pelas tropas russas em Maio, como no sul, onde Kiev espera chegar ao Mar de Azov. Mas os ganhos têm sido lentos e graduais.
Oleksandr Syrskyi, comandante das forças terrestres ucranianas, visitou as tropas perto de Kupiansk, mais a norte, e disse que as forças russas se tinham reagrupado depois de terem sofrido perdas e estavam a atacar junto à aldeia de Makiivka e em direcção a Kupiansk.
Syrskyi disse que as forças russas realizaram "dezenas" de ataques por dia, mas que as tropas ucranianas estavam a manter a sua posição.
O governador da região de Kherson informou que uma mulher foi morta no bombardeamento russo da cidade de Beryslav e que foram registadas explosões na cidade de Kherson.
Putin diz que Rússia está a melhorar posições
O Presidente russo, Vladimir Putin, afirmou este domingo que a contra-ofensiva de Kiev falhou e que as forças russas estão a "melhorar as suas posições" em quase toda a linha da frente.
"O que está a acontecer agora na linha de contacto chama-se 'defesa activa'. As nossas tropas estão a melhorar as suas posições em quase toda esta área, num espaço bastante grande", disse Putin, numa entrevista à televisão estatal russa.
De acordo com o Presidente russo, em causa estão as frentes de Kupiansk, Zaporijia e Avdiivka. "Trata-se de uma defesa activa, com uma melhoria das posições em determinadas zonas", reforçou.
Putin frisou que a contra-ofensiva ucraniana, lançada no início de Junho, "falhou completamente". "No entanto, sabemos que, em certas zonas de combate, o lado oposto está a preparar novas operações ofensivas", referiu.