PCP convoca viticultores do Douro para acção de protesto na Régua

Partido chama pequenos e médios viticultores do Douro a concentrararem-se, na próxima segunda-feira, na Régua, em protesto contra a “situação insustentável” de quem viu preço da uva ser “esmagado”.

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O PCP convocou para dia 23 de Outubro, na Régua, um protesto contra a "situação insustentável" que o esmagamento do preço da uva nesta vindima veio provocar no Douro Nelson Garrido

O PCP convocou, para a próxima segunda-feira, uma acção de protesto de pequenos e médios viticultores do Douro afectados pela "situação insustentável" que o esmagamento do preço da uva nesta vindima veio provocar (ou precipitar, já que os problemas da região demarcada são mais que muitos).

"A situação dos milhares de pequenos e médios viticultores do Douro tem-se vindo a degradar a um ritmo acelerado não só com o agravamento dos custos de produção, mas, nesta vindima, com a redução do benefício e com a dificuldade extrema em conseguir escoar a produção, em alguns casos, vendida a preços escandalosamente baixos", referiu Gonçalo Oliveira, da Direcção da Organização Regional de Vila Real (DORVIR) do PCP, esta quarta-feira, à agência Lusa.

O responsável aponta para valores na ordem dos "125 euros por pipa (550 litros) para vinho de consumo". E declara: "É claramente insustentável e impossível de manter".

Esta vindima ficou marcada por alguma agitação social porque, invocando dificuldades de vendas de vinho, grandes empresas não compraram ou compraram uvas em menos quantidade aos produtores.

"As grandes casas exportadoras estão deliberadamente a esmagar os pequenos viticultores. Quer a redução do benefício, quer os preços das uvas praticados nesta vindima fazem parte de uma estratégia deliberada para acabar com os pequenos produtores do Douro para concentrar a propriedade nas grandes casas", defende o dirigente comunista.

O benefício, ou seja, a quantidade de mosto que cada produtor pode destinar à produção de vinho do Porto, foi de 104 mil pipas, menos 12 mil pipas que em 2022. O benefício é uma importante fonte de rendimento para os viticultores da Região Demarcada do Douro.

Ainda a Casa do Douro

A concentração, convocada pelos comunistas, realizar-se-á em frente ao edifício da Casa do Douro, na cidade da Régua, distrito de Vila Real. A acção de protesto denominada "Por um Douro Justo: defender os produtores, valorizar o seu trabalho" visa ainda, segundo Gonçalo Oliveira, reclamar uma "decisão rápida" sobre a restauração da Casa do Douro. O projecto de lei que restaura a instituição como associação pública de inscrição obrigatória está "parado há sete meses" na Assembleia da República.

"Trata-se da devolução da Casa do Douro aos seus legítimos donos, que são os pequenos produtores. Uma casa assente no princípio de um produtor, um voto, e com os poderes que historicamente lhe estavam atribuídos", justifica Gonçalo Oliveira, que lamenta que as "propostas estejam numa gaveta" na Comissão de Agricultura e Pescas desde Março.

O deputado do PCP na Assembleia da República João Dias também marcará presença na concentração, depois de, ao longo do dia de segunda-feira, reunir com adegas cooperativas do Douro. Para divulgar a acção de protesto da próxima semana, os comunistas estiveram esta quarta-feira, no mercado da Régua em contacto com a população local.

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