Citroën ë-C3: um eléctrico focado no preço para conquistar jovens (e não só)
Marca gaulesa apresenta carro com 320 quilómetros de autonomia por 23.300 euros. Para 2025, fica nova promessa: uma variante, também 100% eléctrica, focada nas deslocações urbanas por 19.990 euros.
Depois de vender mais de 5,6 milhões de exemplares do C3 desde o lançamento da primeira geração, em 2002, a Citroën apresentou, no início desta semana, o novo ë-C3, o “tetraneto” eléctrico do icónico modelo. A versão de entrada do primeiro hatchback do segmento B totalmente eléctrico com o emblema do duplo chevron começa nos 23.300 euros, num carro direccionado para os consumidores que desejam afastar-se dos modelos a combustão, mas que nunca tiveram a capacidade financeira para um veículo eléctrico — com especial ênfase nos mais jovens.
O novo ë-C3 foi “a estrela” em Paris, mas a promessa deixada pela marca para 2025 brilhou ainda mais: uma variante deste modelo com custo abaixo dos 20 mil euros. O pontapé de partida para esta ideia foi dado ainda em Outubro de 2022, com a apresentação do protótipo Oli, nascido da necessidade de repensar a mobilidade e de trazer ao mercado um automóvel familiar a um preço que as famílias conseguissem pagar.
Numa estreia em carros do grupo Stellantis, o novo ë-C3 usa uma bateria de fosfato de ferro e lítio (LFP), de 44 kWh, e oferece uma autonomia máxima de 320 quilómetros, segundo o ciclo WLTP. Construído na Europa, o carro assenta na plataforma Smart Car da Stellantis para veículos puramente eléctricos (BEV), e permitirá, no futuro, a adaptação para versões a combustão.
O novo ë-C3 incorpora um motor eléctrico de 83 kW (113cv), acelerando de 0 a 100km/h em 11 segundos. Poucos segundos depois, esbarrará no limite de velocidade máximo do veículo, estabelecido nos 135 km/h. Em modo de recarga rápida (em corrente contínua) de 100 kW, a bateria pode ser reposta de 20 a 80% em 26 minutos. O tempo aumenta para as 2h50 em carregamentos em corrente alternada com potência de 11 kW (ou para as 4h10 se o carro for carregado a um máximo de 7 kW). Na bagageira, a volumetria será de 310 litros.
“Depois da pandemia, a vida das pessoas mudou. O que acontece hoje? Inflação, taxas de juro elevadas e subida nos custos da energia. As pessoas querem ir para o eléctrico, sentem essa necessidade, mas não o conseguem fazer”, resumiu Federico Goyret, director de marketing e comunicação da Citroën, na apresentação do carro na capital francesa. Em causa, o elevado custo associado a muitos dos carros eléctricos actualmente no mercado.
Com este modelo, a Citroën lança-se agora na guerra dos preços competitivos, na esperança de aumentar a quota de mercado europeu do segmento B, fixada nos 11% com o anterior C3. Olhando para o resto do mercado, o ë-C3 pode vir a fazer sombra ao Dacia Spring, citadino do segmento A comercializado desde 20.400€ e líder de vendas de eléctricos entre particulares, oferecendo mais autonomia, equipamentos e potência.
Interior simplificado, mais espaço
A versão topo de gama do novo ë-C3 traz, entre outros equipamentos, um ecrã táctil de 10,5 polegadas ligado ao sistema de informação e entretenimento, aumentando para 27.800 euros o preço para o consumidor final. No entanto, a marca acredita que, tal como apresentou com o Oli, todo o infotainment e comunicação podem ser levados para o veículo através de um smartphone. Uma vez ligado, as informações tornam-se visíveis através de um sistema smartband, que as projecta a toda a largura inferior do pára-brisas.
Todas as informações necessárias ao veículo são também exibidas nesta barra preta colocada entre a parte superior do painel e a parte inferior do pára-brisas. A luz brilhante garante uma leitura clara dos dados, mesmo sob a luz directa do sol. A marca adianta que esta solução permite um interior mais simples, impede a repetição de informação e garante que a atenção e olhos dos condutores se mantenham exclusivamente na estrada.
Os passageiros vão poder desfrutar ainda de mais espaço para cotovelos e joelhos, com um salto na altura, comprimento e largura do carro, que facilita as entradas e saídas. Outro destaque é a adopção do sistema de suspensão Advanced Comfort, com a Citroën a alegar que a condução será como viajar “num tapete mágico” — uma promessa a comprovar no momento de conduzir o automóvel. Na prática, este sistema de suspensão vai procurar amortecer as irregularidades da estrada, garantindo que os passageiros não sintam os solavancos que tornam a experiência de condução menos confortável.
Da conferência de apresentação restou uma dúvida: “Como se pode dizer já taxativamente, com dois anos de antecedência, que o novo carro custará 19.990 euros?” Nicolas Monnot, director de pricing da marca francesa, diz que mais detalhes vão ser conhecidos no próximo ano, adiantando apenas que a futura variante terá uma autonomia de 200 quilómetros.
O carro foi apresentado na terça-feira, em Paris, as pré-encomendas abriram na quarta-feira e os primeiros modelos começam a chegar no segundo trimestre de 2024. A par da redução no preço, outro dos factores destacados pela Citroën diz respeito às operações de financiamento oferecidas. No caso do modelo “mais em conta”, o ë-C3 You, a marca anuncia um pacote com mensalidades de 139 euros. Já no ë-C3 Max a mensalidade sobe para 189 euros.
A Fugas viajou a convite da Citroën