Rui Rocha diz que Costa quer um PRR permanente porque não tem soluções para o país

Presidente liberal diz que o partido é “muito rápido no diagnóstico” e a apresentar soluções para os problemas, e queixa-se que o PSD concorda com as propostas da IL mas vota contra elas.

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Rui Rocha presidiu à reunião do conselho nacional da IL LUSA/TIAGO PETINGA
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O presidente da Iniciativa Liberal arrancou a reunião deste domingo do conselho nacional do partido a disparar contra o PS mas também contra o PSD. Rui Rocha acusou o primeiro-ministro, António Costa, de não ter soluções estruturais para os problemas do país e, por isso, defende, em Bruxelas, a criação de um mecanismo europeu permanente parecido com o PRR - Plano de Recuperação e Resiliência. "Porque não tem soluções para o país e quer condená-lo à dependência permanente."

"Não nos revemos num primeiro-ministro que, sistematicamente, age como um mendigo, sempre à espera da esmola de Bruxelas, de mais um fundo, de mais dinheiro que lhe caia pela porta dentro", apontou o líder liberal.

Rui Rocha realçou que o partido foi o primeiro a anunciar o seu voto contra o orçamento e que foi alvo de críticas por isso, mas o líder liberal defendeu-se contrapondo auto-elogios: a IL é "muito rápida" no diagnóstico e a propor soluções para resolver os problemas, como aconteceu na TAP, nos impostos, na saúde e na habitação.

O líder liberal justificou ainda a rápida decisão da IL de votar contra o Orçamento do Estado para 2024 porque este vai aumentar a cobrança de impostos indirectos em 8,9% apesar dos directos IRS e IRC se manterem iguais. Rocha criticou também a falta de medidas para empresas: são tão poucas que até na Efacec o Estado já colocou mais dinheiro do que aquele que vai aplicar em 2024 em medidas de apoio às empresas.

Para além disso, o OE revê um crescimento de apenas 1,5%. "Voltamos ao tempo dos crescimentos medíocres, que não permitem gerar riqueza, às empresas crescerem e aos portugueses subirem na vida." A proposta de orçamento do Governo "não resolve nenhum dos problemas essenciais dos portugueses": "a baixa do IRS é mais do que compensada pela subida dos restantes". Rocha disse que nem é possível dizer que Costa dá com uma mão e tira com duas porque o dinheiro não é dele. "António Costa tira menos com uma mão e tira muito mais com as duas." E não responde ao problema da falta de professores, de médicos de família e de casas.

Os sociais-democratas também não saíram incólumes. Rui Rocha criticou a incoerência do PSD, que agita agora a bandeira da redução do IRS em cartazes espalhados pelo país a exigir baixar impostos já e baixar IRS já, mas votou ao lado do PS contra a redução do imposto nos cinco primeiros escalões que a IL propôs há poucos meses. Rui Rocha prometeu que na discussão na especialidade a IL "vai apresentar a proposta de descida do IRS mais desafiadora de todas as bancadas parlamentares".

Sobre a saúde, Rui Rocha recordou a entrevista de Luís Montenegro que, dando o exemplo de um pescador da Afurada, disse que este devia ter acesso ao SNS, a uma IPSS ou à rede privada para tratar de um problema de saúde. "Quando a IL discutiu a revisão da lei de bases da saúde que permitia ao pescador da Afurada tivesse acesso a esses três sectores, o PSD votou contra", salientou o líder da IL cujo trabalho desde Janeiro à frente do partido é também avaliado nesta reunião. Talvez por isso tenha feito questão de classificar o partido como "o principal factor de oposição" às soluções da governação socialista.

Sem tocar no tema das regionais madeirenses, onde a IL foi preterida pelo PAN no acordo com o PSD, Rocha desafiou António Costa a dizer, se um dia precisar, volta a fazer acordos com a "esquerda radical".

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