Problema crónico das urgências não será resolvido com modelo rotativo
Manuel Pizarro disse que resolução passa pela generalização dos bons exemplos já existentes. Deu como exemplo a partilha de urgências entre hospitais.
O ministro da Saúde, Manuel Pizarro, disse esta sexta-feira que o problema crónico das urgências em Portugal não será resolvido com urgências rotativas, mas com a generalização dos bons exemplos já existentes.
No Porto, à margem de uma cerimónia no Hospital de Santo António, Manuel Pizarro não quis antecipar o que acontecerá à tarde na reunião que vai decorrer no Hospital de São João entre o primeiro-ministro e o director executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS), mas avançou que "serão anunciadas medidas que precedem as urgências".
"Há [a implementar] um conjunto de reformas que nos vão permitir lidar com um problema, que no nosso país é crónico, que são as urgências (...). Serão anunciadas medidas que precedem as urgências. Temos de facilitar o acesso das pessoas a outros níveis de cuidados quando estão numa situação de doença aguda, não forçosamente grave", disse Manuel Pizarro sem precisar quando serão anunciadas essas medidas.
Questionado se em causa está um plano semelhante ao que foi lançado para as maternidades, ou seja de abertura rotativa, o ministro da Saúde disse: "Não é disso que estamos a falar". "Estamos a falar da utilização o melhor possível dos recursos que temos, de generalizar experiências positivas", completou.
A título de exemplo, Pizarro recordou que, no Porto, os centros hospitalares de São João e de Santo António partilham a urgência de oftalmologia. "Há mais de uma década que o funcionamento da urgência de oftalmologia é dividido entre os dois principais hospitais centrais da cidade: numa quinzena funciona no Santo António e em outra no São João", exemplificou.
Apesar da insistência dos jornalistas, Manuel Pizarro não adiantou que conclusões poderão surgir da reunião desta sexta-feira com o director executivo e o primeiro-ministro, em que também participará, reiterando que "o Governo está a promover uma profunda restruturação no SNS".
"Mas há mudanças organizacionais que têm de ser implementadas e são essas que terão continuidade após instalação da Direcção Executiva", referiu.
A generalização das ULS (Unidades de Saúde Locais) e das USF (Unidades de Saúde Familiar) para articular os cuidados primários e os hospitais de forma a que "as pessoas encontrem respostas em outros pontos do sistema de saúde que não a urgência", foram medidas novamente mencionadas pelo ministro que também recordou a intenção de criar equipas de profissionais dedicados às urgências.
"Apesar das dificuldades que reconheço e dos problemas que não posso nem devo ignorar, a verdade é que o serviço de urgências tem continuado a atender, nestes últimos dias, como sempre fez. Temos feito cerca de 19.000 atendimentos diários no serviço de urgência sem quebra de qualidade no atendimento embora, às vezes, é verdade, as pessoas tenham de se deslocar mais do que seria expectável", concluiu.