Portugal ignora a tradição para chegar à Alemanha em tempo recorde

Oitavo apuramento consecutivo para fases finais de Europeus passa pelo Dragão, assim a selecção mantenha o registo imaculado que lhe garantirá um dos primeiros bilhetes a três rondas do fim.

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Roberto Martínez pode qualificar a selecção portuguesa em tempo recorde LUSA/MIGUEL A. LOPES
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Portugal tem esta sexta-feira (19h45, RTP1), no Estádio do Dragão, no Porto, frente à Eslováquia, a real possibilidade de conseguir, de forma cabal, o apuramento para a fase final do Campeonato da Europa de 2024, a disputar na Alemanha.

O seleccionador Roberto Martínez não ignora a solenidade do momento para um país habituado a adiar este tipo de felicidade.

Mas Martínez também não exclui, à partida, a importância do compromisso com a Bósnia-Herzegovina na equação de acesso à fase final. Muito pelo contrário. O treinador espanhol deixa um sinal claro de que a Eslováquia não é um opositor qualquer, como o próprio comprovou em Bratislava, reconhecendo até a superioridade do adversário durante a primeira parte, antes de Portugal rectificar e assumir o controlo.

Ainda assim, após seis vitórias em seis jornadas, Portugal lidera destacado — com mais cinco pontos que os eslovacos — o Grupo J de qualificação. Estatuto sublinhado pelo ataque (24 golos) mais concretizador entre as 53 selecções candidatas às 23 vagas. E, não menos relevante, pela defesa menos batida, sem qualquer golo sofrido, tal como França.

Daí ser altamente tentador abraçar a narrativa de um Portugal voraz e supersónico, na iminência de selar, com o tal simples e esperado triunfo no Dragão, a oitava presença consecutiva em fases finais de Europeus. Ao ponto de relativizar a importância das últimas três rondas, que fecham as contas do grupo. Um erro que Roberto Martínez quer evitar a todo o custo, nem que tenha de alhear-se e ignorar a proeza iminente de Portugal “golear” o velho fado do sofrimento levado ao limite em fases de apuramento.

A confirmar-se um “novo normal”, Portugal estará entre os primeiros a juntar-se à “mannschaft” antes mesmo das deslocações à Bósnia-Herzegovina e ao Liechtenstein e da recepção à Islândia, a 19 de Novembro (Áustria, Bélgica, França e Escócia partiram para esta ronda com idênticas aspirações).

Flexibilidade táctica

Para tanto, é preciso repetir o resultado de há um mês, em Bratislava, onde Roberto Martínez surpreendeu com um 4x3x3. Sistema que manteve frente ao Luxemburgo e que rendeu goleada (9-0) histórica. Agora, perante um adversário forte no jogo interior, zona onde actuam as principais referências (Skriniar, Lobotka e Kucka) da selecção eslovaca, Roberto Martínez terá de igualar a intensidade dos eslovacos e evitar os bloqueios preparados pelo italiano Francesco Calzona, pormenores que dependem de muitos factores, indo muito além das opções para o "onze" inicial.

Na conferência de imprensa de ontem, Martínez enfatizou a “flexibilidade táctica” dos futebolistas lusos e a capacidade de adaptação ao que cada jogo pede.

O seleccionador de Portugal não levantou o véu sobre o regresso de Cristiano Ronaldo depois da ausência (por suspensão de um jogo) frente ao Luxemburgo. Mas falou do que entende por "onze" titular no futebol moderno, sugerindo que Eslováquia e Bósnia-Herzegovina fazem parte de um pacote que exige uma abordagem combinada, capaz de lidar com o desgaste dos atletas para dar uma resposta à altura das ambições.

“Temos a Eslováquia, mas também a Bósnia. São dois jogos muito importantes para o apuramento. O futebol moderno não é um "onze" inicial. É um jogo em que todos trabalham com a ambição de jogar. E esta selecção tem essa flexibilidade e a capacidade de executar, crescer e adaptar-se em pouco tempo. Isso deixa-me muito feliz”, notou, esperando uma exibição ao nível da conseguida na segunda parte frente aos eslovacos, independentemente das escolhas que vier a fazer.

Depois das alterações com o Luxemburgo, no Algarve, Martínez pode voltar a sublimar a fórmula. A começar pela possibilidade de explorar o momento de João Félix, uma das combinações possíveis no ataque, ou de refazer a dupla de centrais, com António Silva e Rúben Dias, até para garantir a “folha limpa” no capítulo dos golos sofridos, algo que Martínez não descura, face à importância de mostrar ao mundo o rigor defensivo e a determinação da selecção portuguesa.

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