Biden aprovou apoio de oito mil milhões de dólares para Israel?

Várias redes sociais divulgaram um documento em que se lia que o Governo americano aprovara, durante o fim-de-semana, um apoio financeiro avultado para Israel.

Foto
Joe Biden, Presidente dos Estados Unidos EPA/Samuel Corum / POOL
Ouça este artigo
00:00
02:31

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

A frase

Biden aprovou um pacote de ajuda militar de emergência para Israel no valor de oito mil milhões de dólares.

Julius Caeser, utilizador da rede social X (antigo Twitter)

O contexto

Vários utilizadores de diferentes redes sociais (Facebook, Telegram e X, antigo Twitter) têm partilhado um documento alegadamente oficial e assinado pelo Presidente dos EUA, Joe Biden, a delegar no seu secretário do Tesouro a competência para aprovar um pacote de ajuda militar para Israel no total de oito mil milhões de dólares. Os posts partilhados tornaram-se rapidamente virais e condenavam o Governo americano por ter aprovado ilegalmente o pacote apenas algumas horas depois dos ataques do Hamas. A data do documento coincidia com a data do ataque: 7 de Outubro. Este é o contexto, mas os factos são muito distintos.

Os factos

O documento que se tornou viral nas redes sociais, e que o utilizador citado pelo PÚBLICO como exemplo — Julius Caeser também partilhou, foi manipulado digitalmente e veio a revelar-se falso. A sua origem é um memorando oficial assinado em Julho de 2023 (esse verdadeiro) relativo a um apoio de 400 milhões de dólares à Ucrânia. Na realidade, o apoio aprovado este ano pelos EUA para Israel ronda os 3,8 mil milhões de euros, segundo dados oficiais incluídos num relatório do Congressional Research Service, o serviço de investigação do Congresso. Perante a profusão de informações truncadas e para avisar os utilizadores, os posts não foram retirados, mas têm agora uma nota em que se lê: "O documento da Casa Branca foi alterado. O memorando original foi criado em 25 de Julho de 2023 para a Ucrânia. Além disso, o nome do Presidente Biden está no lado direito do documento original e não ao centro, como mostra a versão falsa."

Tal como acontece no caso da guerra na Ucrânia, a desinformação está muito presente neste conflito. Já foram detectados vários vídeos truncados e notícias falsas, houve imagens antigas usadas como se fossem actuais e informações não confirmadas postas a circular como se fossem reais. Este caso é exemplar por se tratar de um documento oficial que foi manipulado.

Em resumo

É falso que o Governo americano tenha aprovado qualquer pacote de apoio a Israel no fim-de-semana. O documento partilhado foi truncado a partir de um original que fora assinado em Julho, relativo à Ucrânia.


Nota: Foi corrigida a referência inicial e incorrecta ao secretário de Estado do Tesouro. Trata-se do secretário do Tesouro.

Sugerir correcção
Comentar