Arrendar acelera o envelhecimento? Investigadores dizem que sim, mais do que fumar

Um estudo britânico sugere que arrendar no sector privado leva a um acelerado envelhecimento biológico, mais prejudicial do que ser ex-fumador ou desempregado.

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Arrendar no sector privado acelera o envelhecimento biológico, segundo investigadores Nuno Ferreira Santos
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Arrendar casa no sector privado leva a um envelhecimento biológico mais rápido do que viver numa casa própria ou numa habitação social, de acordo com um artigo de investigação no Journal of Epidemiology and Community Health, uma publicação mensal sobre saúde pública revista por pares. O impacto no envelhecimento biológico é quase o dobro do associado a situações de desemprego.

O envelhecimento biológico diz respeito ao declínio do funcionamento dos tecidos e células do corpo, independentemente da idade da pessoa.

Investigadores descobriram que arrendar no sector privado, atrasos nos pagamentos das rendas, viver numa casa afectada pela poluição ou com más condições contribui activamente para um envelhecimento mais rápido. O stress provocado por estes factores acrescenta, por ano, duas semanas e meia à idade biológica de um arrendatário.

Em comparação, pessoas em habitações sociais aparentam não sofrer tanto estes impactos negativos, em parte porque as rendas são mais baratas e a situação de arrendamento mais segura. Apesar do estigma associado ao arrendamento social, o custo inferior e segurança habitacional equiparam-se, em termos de envelhecimento biológico, à condição de proprietário de uma habitação.

O estudo, um trabalho conjunto da Universidade de Essex e da Universidade de Adelaide, indica que a situação de habitação de um indivíduo pode ter consequências significativas na sua saúde. Um dos indicadores mais notáveis é o envelhecimento mais rápido identificado entre inquilinos com senhorios do mercado privado. Os dados para o estudo em questão foram facultados pela UK Household Longitudinal Study e pelo British Household Panel Survey (BHPS). Além disso, também foram recolhidas amostras sanguíneas das famílias inglesas para a análise.

Os investigadores analisaram factores como a duração do arrendamento, o tipo de edifício, os custos e as rendas em atraso e depois examinaram a metilação do ADN (um marcador de alterações do ADN). Após a análise, concluíram que, de facto, viver numa habitação arrendada está relacionado com um envelhecimento biológico acelerado.

“É importante referir que o impacto do arrendamento privado é maior do que o impacto do desemprego ou de ser ex-fumador vs nunca ter fumado”, indicam os especialistas. Acrescentam ainda que, quando se expande a análise para “as circunstâncias históricas da habitação”, é possível identificar que “atrasos repetidos na habitação e a exposição à poluição ou problemas ambientais” também se encontram relacionados com um maior envelhecimento biológico.

Todavia, um ponto positivo é que o envelhecimento biológico é reversível e, por isso, mudanças nas políticas de habitação podem melhorar a saúde dos arrendatários.

Artigo editado por Renata Monteiro.

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