Conservadores vencem eleições nos estados da Baviera e Hesse, com extrema-direita a crescer

Eleições regionais nos dois estados confirmam descontentamento dos alemães com a actual coligação de governo. Sociais-democratas ficam atrás da Alternativa para a Alemanha.

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Boris Rhein, candidato da CDU no estado de Hesse EPA/CHRISTOPHER NEUNDORF

Os conservadores da CSU e CDU venceram este domingo as eleições regionais nos estados alemães da Baviera e Hesse, um resultado que mostra um claro sinal de reprovação por parte dos eleitores à coligação de centro-esquerda liderada pelo chanceler Olaf Scholz que governa o país. A votação mostrou também que o crescimento esperado do partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) vai além dos habituais bastiões no Leste da Alemanha, já que obteve o melhor resultado de sempre num estado da Alemanha ocidental, capitalizando o descontentamento com os problemas económicos e com a imigração.

Segundo os analistas, os resultados nos dois estados que, em conjunto, representam cerca de um quinto da população alemã, podem aumentar as tensões na coligação que governa o país, formada pelos sociais-democratas de Scholz, pelos Verdes e pelos liberais do FDP.

Desde que tomou posse, no final de 2021, a coligação tem sido afectada por lutas internas e pela incapacidade de encontrar um terreno comum, com Scholz a ser acusado de não mostrar a liderança necessária para impor a ordem e enfrentar crises que vão desde a guerra na Ucrânia à transição verde.

“Raramente um governo foi alvo de uma rejeição tão abrangente”, afirmou Jens Spahn, deputado da CDU. “E raramente foi tão claro: seja na migração, na economia ou na política climática, as pessoas querem uma política diferente.”

Em Hesse, democratas-cristãos da CDU deverão obter 35% dos votos, o que lhes permitirá governar por mais um mandato após 24 anos no poder. O grande salto foi dado pela AfD, que deverá, segundo as sondagens à boca das urnas, obter 17% dos votos (uma subida de quase quatro pontos), tornando-se na segunda força política no estado, à frente dos sociais-democratas.

Os 15,5% obtidos pelo SPD constituem um golpe pessoal para a ministra do Interior, Nancy Faeser, cuja campanha para a liderança do governo em Hesse ficou marcada pelas críticas à forma como lidou com o aumento da imigração ilegal.

A nacionalista e anti-imigração AfD ocupa há alguns meses o segundo lugar nas sondagens a nível nacional, uma grande subida em comparação com o quinto lugar que obteve nas eleições de 2021 e que poderá dificultar a formação de maiorias estáveis na Alemanha, uma vez que os outros partidos se recusam a trabalhar com a força de extrema-direita.

Na Baviera, o partido irmão da CDU, a União Social-Cristã (CSU), que governa o estado desde 1957, deverá obter 36,8% dos votos, o seu pior resultado desde 1950 embora apenas uma fracção abaixo dos resultados obtidos em 2018. A AfD conquista o segundo lugar, com 16%, uma subida de 5,8 pontos face às últimas eleições no estado.

Os Verdes devem recuar para os 15,5% (-2,1 face a 2018), o partido populista Eleitores Livres (FW, na sigla em alemão, para “Freie Wähler”’), com quem a CSU governou em coligação nos últimos cinco anos, sobe para os 14% e o SPD fica pelos 8,5%, enquanto o FDP fica fora do parlamento regional, ao quedar-se pelos 3%, abaixo do limiar de 5% necessário para eleger deputados.

A aprovação do Governo liderado por Olaf Scholz permanece no seu nível mais baixo desde que assumiu o cargo em Dezembro de 2021, de acordo com uma sondagem da ARD-Deutschland Trend, com quatro em cada cinco alemães insatisfeitos com o executivo.

“Estamos no meio da legislatura federal, quando não é incomum que o governo tenha baixos índices de aprovação e perca as eleições estaduais”, disse Philipp Koeker, cientista político da Universidade de Hanover, citado pela Reuters.

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