Plano da PSP para a manifestação é o habitual. “Estamos preparados para pequenos focos de desordem”
Manifestações pelo direito à habitação e pela justiça climática acontecerão em 24 localidades para alertar para “um sistema que tem em vista o lucro e não o bem-estar das pessoas”.
Sob os lemas "Casa para viver" e "Planeta para habitar", o movimento Casa para Viver volta a sair à rua este sábado. Desta vez, às reivindicações pelo direito à habitação junta-se a luta pela justiça climática na "Casa Comum", que terão eco em manifestações marcadas em cidades e localidades por todo o país: Lisboa, Porto, Barreiro, Évora, Beja, Portalegre, Tavira, Braga, Aveiro, Faro, Leiria, Portimão, Lagos, Nazaré, Samora Correia, Covilhã, Guimarães, Viseu, Coimbra, Vila Real, Torres Novas, Alcácer do Sal, Guarda e Funchal.
O mote para a manifestação são, tal como no protesto de Abril que levou milhares de pessoas às ruas, os "preços incomportáveis" das rendas e dos juros, "as pessoas despejadas" ou as "casas vazias que são reabilitadas para turismo", como explicou ao PÚBLICO Anselmo Cruz, porta-voz da Habita, no início de Setembro. Entre as reivindicações destes movimentos estão a limitação do alojamento local, a descida dos preços das rendas ou o fim dos benefícios fiscais como os vistos gold.
Estando os problemas da habitação e do clima "interligados", o movimento Casa para Viver juntará as suas reivindicações às da plataforma Their Time to Pay, que lançou um apelo para se organizarem marchas pela Europa neste dia 30 contra o aumento do custo de vida e a crise climática.
"A raiz dos dois problemas é a mesma: um sistema que tem em vista o lucro e não o bem-estar das pessoas, o mesmo sistema que prefere especular e lucrar em vez de proporcionar o que as pessoas precisam", notou ao PÚBLICO Catarina Bio, jovem de 20 anos da Greve Climática Estudantil.
De acordo com um comunicado da organização, estarão presentes nas manifestações colectivos e movimentos como o Porta a Porta, Movimento Referendo pela Habitação, Habita, Greve Climática Estudantil, Climáximo, Vida Justa e Chão das Lutas. Perante a grande dificuldade de os estudantes deslocados conseguirem alojamento a preços comportáveis, também estes deverão juntar-se ao protesto.
Na capital, o protesto vai concentrar-se na Alameda e seguirá depois das 15 horas até ao Rossio, onde, segundo a organização, estão previstas várias intervenções.
No Porto, partirá também às 15h da Praça da Batalha, em direcção à Rua de Santa Catarina, Rua Fernandes Tomás, Avenida dos Aliados, Rua de Sá da Bandeira, terminando na Praça D. João I.
Ao PÚBLICO, os comandos metropolitanos de Lisboa e do Porto da PSP notam que o plano de segurança para estas manifestações não difere do que costuma acontecer com outros protestos.
“Está previsto o mesmo plano que acontece para todas as outras manifestações, de modo a que os manifestantes possam exercer o seu direito de manifestação”, afirmou o porta-voz do Comando Metropolitano de Lisboa (Cometlis) da PSP, comissário Artur Serafim.
Sem avançar o número de efectivos que estarão nas ruas, revela que serão mobilizados polícias para fazer o acompanhamento do protesto e, em caso de necessidade, poderá haver um reforço. Estarão presentes elementos da divisão de trânsito, das equipas de intervenção rápida e de prevenção e reacção imediata e de investigação criminal da PSP.
Artur Serafim notou ainda que a PSP estará preparada para “pequenos focos de desordem”, lembrando os incidentes que ocorreram no final da manifestação do passado dia 1 de Abril, que teve o mesmo mote — a crise da habitação —, na Praça Martim Moniz, quando agentes da PSP interceptaram duas jovens que estariam a causar danos em estabelecimentos comerciais.
“Obviamente estaremos atentos a estes pequenos grupos que possam querer causar focos de desordem”, disse. “O objectivo é que as pessoas se possam manifestar. É isso que queremos, que exerçam o seu direito de manifestação, mas que mantenham comportamentos cívicos, que não destruam, não danifiquem, não ofendam”, notou.
No Porto, estarão também presentes nas ruas as equipas regulares de patrulha, assim como equipas de intervenção rápida.
“Já houve mais de uma manifestação organizada pelo promotor e correram sempre todas bem”, sublinha o porta-voz do Comando Metropolitano da PSP do Porto, António Veiga, também sem avançar quantos efectivos serão destacados para acompanhar o protesto.
Tanto no Porto como em Lisboa haverá cortes de trânsito pontuais nas ruas pelas quais as manifestações passarão.