Zelensky anuncia produção conjunta de armas entre Ucrânia e EUA
Presidente ucraniano fala em acordo “histórico” e de “longo prazo”, que se vai focar na produção de sistemas de defesa antiaérea. Depois do encontro com Biden, Zelensky viajou para o Canadá.
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Depois de ter garantido mais um pacote de ajuda militar norte-americana no valor de 325 milhões de dólares (mais de 305 milhões de euros), o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, anunciou esta sexta-feira que também que fechou um acordo “histórico” com os Estados Unidos para a produção conjunta de armamento entre os dois países.
Num vídeo publicado no X (antigo Twitter) depois do encontro com Joe Biden, na Casa Branca, em Washington D.C., Zelensky revelou que a iniciativa de “longo prazo” terá como principal objectivo produzir sistemas de defesa antiaérea.
“Iremos trabalhar em conjunto com os EUA para a Ucrânia produzir as armas que necessita. Trata-se de um nível superior na nossa união. A co-produção com os EUA é algo histórico. [Teremos] uma nova base industrial [e] novos empregos para ambas as nações”, começou por dizer.
“Em particular, a Ucrânia será capaz de produzir sistemas de defesa antiaérea. Estamos a preparar-nos para criar um novo ecossistema de defesa com os EUA, para produzirmos armas que possam reforçar ainda mais a liberdade e proteger vidas”, afirmou, sem oferecer, ainda assim, mais pormenores sobre o plano.
O Presidente ucraniano acrescentou ainda que, na sequência das reuniões que teve no Pentágono, no Capitólio e na Casa Branca, o Ministério das Indústrias Estratégicas do seu país assinou acordos de cooperação com três associações norte-americanas que representam mais de 2000 empresas de produção de armas, tendo em vista uma cooperação futura.
Depois de ter discursado, na terça-feira, na sessão de abertura da 78.ª Assembleia Geral das Nações Unidas, e participado, na quarta-feira, numa reunião do Conselho de Segurança da organização, em Nova Iorque, Zelensky aproveitou a sua segunda visita aos EUA desde o início da invasão russa da Ucrânia para reunir, na quinta-feira, com membros dos Partido Republicano e do Partido Democrata e com Joe Biden, entre outros encontros com responsáveis políticos e militares norte-americanos.
Segundo o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, o mais recente pacote de ajuda à Ucrânia inclui sistemas de defesa antiaérea, munições para artilharia e para bombas de fragmentação, armamento antitanques, entre outras armas.
A par deste pacote adicional, Biden disse ainda que os primeiros tanques norte-americanos US Abrams vão ser entregues às autoridades militares ucranianas a partir da próxima semana.
Os Estados Unidos são, de longe, o país que mais tem contribuído em termos de apoio militar à Ucrânia. Segundo os cálculos do think tank Council for Foreign Relations, baseados em diferentes fontes ucranianas e norte-americanas, entre equipamento, armas, treino, empréstimos ou apoio logístico, Washington já gastou mais de 46 mil milhões de dólares (cerca de 43 mil milhões de euros) em ajudas militares desde o início da invasão.
Juntando a esse valor a assistência financeira e humanitária, os EUA já contribuíram com 76,8 mil milhões de dólares para a Ucrânia desde 22 de Fevereiro de 2022.
Depois dos EUA, a passagem de Zelensky pela América do Norte tem mais uma escala, no vizinho Canadá, para uma série de reuniões e encontros que não constavam da agenda oficial da presidência ucraniana.
Na primeira visita do chefe de Estado da Ucrânia ao Canadá desde o início do conflito, destaca-se o discurso que vai fazer no Parlamento e o encontro com o primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau.
Estas demonstrações de unidade entre os responsáveis da Ucrânia e os seus parceiros em Washington e Otava contrastam com um dos piores momentos das relações entre Kiev e um dos seus principais aliados na Europa: a vizinha Polónia.
A decisão de Varsóvia de manter as restrições à importação de cereais ucranianos para proteger os seus agricultores escalou de tal forma que, depois de um bate-boca entre dirigentes políticos e diplomáticos dos dois lados – que meteu Zelensky e o Presidente polaco, Andrzej Duda, ao barulho –, o Governo da Polónia anunciou que não vai fornecer mais armas ao seu aliado, justificando a decisão com a necessidade de rearmar o seu próprio exército.