Em prova: A outra face dos tintos dos Vinhos Verdes

Elegância, complexidade, textura, taninos suaves. Novos produtores e enólogos (e outros já menos novos) exploram os caminhos enológicos para o renascer dos outrora famosos tintos da produção minhota.

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Em prova, 14 tintos de nova geração a atestar a diversidade e o potencial para o regresso da região à produção de tintos capazes de admirar o mundo e os especialistas.
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Uma prova surpreendente. Um punhado de tintos de nova geração a atestar – como se tal fosse necessário – a diversidade e o potencial para o regresso da região à produção de tintos capazes de admirar o mundo e os especialistas. E, embora possa não o parecer, isso não será propriamente uma novidade, já que em séculos passados eram os tintos do Minho a despertar a cobiça dos grandes apreciadores, principalmente ingleses, que foram os primeiros a estabelecer feitoria em Viana do Castelo para os exportar para o reino de Sua Majestade.

E só depois se voltaram para o Douro, fruto da conjugação de vários factores onde predomina a ascensão da cultura do milho graúdo, que remeteu a vinha para as bordaduras, e os privilégios concedidos ao Douro pelo Marquês do Pombal com a criação da Real Companhia das Vinhas do Alto Douro.

Outros tempos, sem dúvida, mas que vale a pena recordar para destacar que no Minho se produziam tintos de tal qualidade que levaram o britânico Thomas Woodmass, um dos exportadores estabelecidos no porto de Viana, a esta explicação: “Os vinhos de Monção e de Viana são muito judiciosamente tidos como muito similares aos da Borgonha (…) paguei muito mais caro por um pouco de Borgonha que não se igualava com o que, por muito menos dinheiro, bebi em Viana.”

Estávamos então ainda no século XVI, mas o certo é que, apesar do declínio progressivo na qualidade que acabou por confinar localmente o consumo, o certo é que até há bem pouco tempo os tintos eram claramente maioritários na produção da Região dos Vinhos Verdes.

É mesmo assim, a história parece por vezes pregar-nos partidas, mas os números confirmam que faz agora precisamente apenas 30 anos que os brancos passaram a ser maioritários na produção. Hoje, que os tintos representam uns meros 3,5% da produção dos Vinhos Verdes, até parece mentira. Mas era assim e foi apenas na colheita de 1992/93 que os brancos tomaram a dianteira. Nesse ano com valores praticamente igualados, mas que representaram o início de uma mudança imparável.

É sobretudo com base na recuperação de castas antigas como alvarelhão, borraçal, rabo de anho, amaral ou padeiro, mas também com novas técnicas e abordagens enológicas ao vinhão, que os actuais protagonistas apontam para os novos caminhos.

Uma prova a todos os títulos surpreendente, com 14 vinhos que exploram esses caminhos na procura da qualidade distinta. A mostrar – se é que tal é ainda necessário – que os tintos não se esgotam no vinhão e que há vários caminhos enológicos e múltiplas facetas e expressões consoante as sub-regiões. E, sobretudo, que os tintos dos Vinhos Verdes não têm de assumir sempre as cores com que os últimos tempos os têm pintado.

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Este artigo foi publicado no n.º 10 da revista Singular.

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