Activistas protestam contra confirmação “autoritária” do Mais Habitação

Os organizadores do movimento Casa para Viver defendem que o Mais Habitação “não é solução” e pedem medidas para baixar as rendas e os créditos e acabar com os despejos.

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A manifestação por uma "Casa para viver" e um "Planeta para habitar" decorre a 30 de Setembro em 19 cidades Daniel Rocha
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Enquanto na Assembleia da República o PS defendia que vai confirmar o pacote Mais Habitação vetado pelo Presidente da República "por convicção", à porta do Palácio de São Bento os organizadores do movimento Casa para Viver — que tem uma manifestação convocada para dia 30 — e um grupo de moradores protestaram contra a falta de respostas à crise da habitação e a forma "autoritária" como o PS decidiu avançar com o diploma.

"Da parte do PS houve grande permeabilidade ao sector do alojamento local e pouca preocupação com os preços das rendas, os aumentos dos créditos à habitação e os despejos. A própria confirmação do Mais Habitação sem discussão, de forma bastante autoritária, demonstra que não há desejo em dialogar com ninguém", acusa Vasco Barata, porta-voz da associação Chão das Lutas.

Os porta-vozes dizem, por isso, não ter “esperança nenhuma” no Mais Habitação e nem as medidas aprovadas esta quinta-feira pelo Governo para responder ao aumento das prestações do crédito à habitação serviram para mitigar o protesto. “São uma continuação de um Governo que tenta tudo menos o que importa, que é obrigar a banca a renegociar os juros”, defende o activista.

A seguir à confirmação do Mais Habitação, que será votado esta sexta-feira, segue-se a regulamentação do diploma, mas os colectivos também não depositam esperanças aí. “O Mais Habitação não era solução e não há regulamentação que valha a este programa", diz ao PÚBLICO André Escoval do movimento Porta a Porta, que defende que são necessárias "medidas autónomas e efectivas que baixem os custos com a habitação seja no arrendamento seja no crédito" e que acabem com os despejos.

Estas são algumas das reivindicações que os colectivos vão levar às ruas no dia 30 de Setembro. Mais do que apostar em novas reuniões com os socialistas, "o que é necessário é uma grande manifestação" para que quem "não tem sido ouvido" possa "tomar a palavra de forma expressiva", defende Vasco Barata.

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Moradores dos bairros sociais foram até à Assembleia da República exigir respostas Daniel Rocha

Inquilinos pedem atenção à habitação social

Também presentes no protesto estiveram alguns moradores dos bairros do Zambujal, na Amadora, e dos Lóios, em Marvila, que se insurgiram contra a degradação das casas e a subida das rendas. "O IHRU não mete nem um prego" e os socialistas "só falam em alojamento local para os privados, mas esquecem-se da habitação social", acusaram várias vozes, exigindo que o Mais Habitação volte "à estaca zero" e seja refeito com o contributo dos bairros sociais.

"É obras que não fazem, a dívida que está a acumular e o Governo não nos atende. Ninguém quer saber da habitação social e os aumentos [das rendas] foram bastante grandes desde 2013", afirmou aos jornalistas Conceição Luz do Bairro dos Lóios, que foi até ao Parlamento para pedir que acabem "com os processos em tribunal" contra os inquilinos que têm rendas por pagar.

A manifestação por uma "Casa para viver" e um "Planeta para habitar" decorre a 30 de Setembro em 19 cidades: Lisboa, Porto, Aveiro, Braga, Coimbra, Covilhã, Faro, Guimarães, Lagos, Leiria, Nazaré, Portimão, Samora Correia, Viseu, Barreiro, Beja e Évora.

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