Salvini e Le Pen disponíveis para uma união com vista às eleições europeias
“Estamos unidos na mesma luta, a luta pela liberdade, pela pátria”, disse a política francesa no encontro anual de Pontida, o mais importante da Liga.
O líder do partido italiano de extrema-direita Liga, Matteo Salvini, e a sua colega ideológica Marine Le Pen, presidente da União Nacional francesa, manifestaram-se este domingo disponíveis para uma união com vista às eleições europeias de 2024.
“Vocês, em Itália, e nós, em França, estamos unidos na mesma luta, a luta pela liberdade, pela pátria; sei o quanto valorizam as vossas liberdades”, declarou a política francesa em Pontida, pequena cidade na Lombardia (norte da Itália) que acolhe anualmente o principal encontro da Liga de Salvini, actual número dois do Governo italiano, uma coligação entre a direita e a extrema-direita.
A união de ambos os políticos serviu para encenar o seu apoio determinado a uma coligação entre formações de direita com vista às eleições europeias do próximo ano, apesar da relutância dos partidos populares europeus em alinhar com as formações mais extremistas.
Por isso, após o encontro, a própria Liga de Matteo Salvini garantiu que ele e Le Pen estão a ponderar a organização de um “grande evento internacional” no final do ano, que reúna todos os seus aliados na Europa, que consideram “alternativos à esquerda”, e marcando com isso o sinal de partida para as eleições.
“O nosso destino é a vitória em Itália e na União Europeia. Estamos destinados a vencer”, disse o político italiano. Na sua intervenção, Salvini expressou o desejo de que Le Pen venha a tornar-se Presidente de França. “Se tivermos que escolher entre [Emmanuel] Macron e Marine Le Pen não tenho dúvidas: toda a minha vida com Le Pen”.
A dirigente francesa retribuiu o elogio, respondendo que, “quando há um partido como a Liga e um líder como Salvini, sabe-se que se trata da escolha certa, na verdade a única escolha”.
A troca de elogios ocorreu ao mesmo tempo que a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, líder do partido de extrema-direita Irmãos da Itália, visitava a ilha de Lampedusa, juntamente com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, na sequência do agravamento da crise migratória.
Numa referência a essa visita, Le Pen pediu a “defesa dos portos”, como fez Salvini quando era ministro do Interior italiano, actualmente acusado judicialmente pelo bloqueio ao desembarque de migrantes salvos pelo navio Open Arms no Mediterrâneo em 2019.
“Naquela altura, toda a Europa admirava a Itália e nós, como aliados, estávamos orgulhosos de Salvini e da Liga”, acrescentou Le Pen.
Salvini afirmou que a sua presença no encontro da Liga e a de Meloni em Lampedusa são “a síntese do mesmo objectivo e destino comum”.
“Eles não serão capazes de nos dividir, temos culturas e sentido de militância diferentes, mas o centro-direita unido vencerá”, declarou.
A campanha eleitoral para as eleições europeias tem um significado especial para o Governo italiano, uma vez que cada um dos três partidos de direita que compõem a sua coligação pertence a um grupo diferente das forças conservadoras no Parlamento Europeu.
No entanto, a reedição desse pacto perturba a ala mais moderada do executivo italiano, representada por Antonio Tajani, ministro dos Negócios Estrangeiros e antigo presidente do Parlamento Europeu, que não quer aliar-se a Le Pen, alegando que não compartilham os mesmos valores, refere a agência espanhola EFE.