Comissão vai estender a protecção temporária dos ucranianos que fugiram para a UE

Von der Leyen reafirmou o apoio europeu à Ucrânia pelo “tempo que for necessário”, garantindo que as fronteiras da Europa estarão sempre abertas para acolher as vítimas da agressão russa.

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“O futuro da Ucrânia é na nossa União”, disse Ursula von der Leyen EPA/JULIEN WARNAND
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A Comissão Europeia vai propor a extensão da protecção temporária para os cerca de quatro milhões de cidadãos ucranianos que fugiram para a União Europeia após a invasão do seu país pela Rússia, anunciou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que garantiu que as fronteiras da Europa estarão sempre abertas para acolher as vítimas da agressão russa.

“Desde o início da guerra, quatro milhões de ucranianos encontraram refúgio na União Europeia, e quero dizer-lhes que continuam a ser tão bem-vindos agora como foram naquelas fatídicas primeiras semanas [após a invasão do país]”, sublinhou Ursula von der Leyen, que vai pedir aos Estados-membros que aprovem o prolongamento do estatuto que assegura o acesso à habitação, à educação, aos cuidados de saúde e ao mercado de trabalho das famílias ucranianas que se instalaram na UE depois de Fevereiro de 2022.

“O nosso apoio vai continuar. Estaremos ao lado da Ucrânia, a cada passo do caminho, durante o tempo que for necessário”, prometeu a líder do executivo comunitário, durante o seu discurso sobre o Estado da União Europeia, esta quarta-feira, no Parlamento Europeu de Estrasburgo, onde contou com a presença de Héctor Abad Faciolince, um escritor colombiano que dirige uma campanha chamada “Aguenta, Ucrânia” para informar o público latino-americano sobre a guerra de agressão da Rússia.

Em Julho, Héctor estava a jantar com a romancista e activista ucraniana, Victoria Amelina, quando um míssil balístico russo atingiu o restaurante onde se encontravam, em Kramatorsk. A escritora ucraniana de 37 anos, não sobreviveu ao ataque — “um dos inúmeros ataques contra civis inocentes, mais um crime de guerra da Rússia na Ucrânia”, lamentou Ursula Von der Leyen.

“Héctor disse mais tarde que não sabia por que estava ele vivo e Victoria morta. Agora está a contar ao mundo a historia de Victoria, para salvar a sua memória e acabar com esta guerra”, explicou a presidente da Comissão Europeia, juntando-se à campanha do escritor da Colômbia para manter viva a memória de Victoria Amelina e todas as outras vítimas da guerra na Ucrânia.

O Parlamento Europeu aplaudiu diversas passagens do discurso de Von der Leyen, mas a única ovação em pé da sessão aconteceu quando Héctor Abad Faciolince se levantou do seu lugar, exibindo a fotografia da sua amiga Victoria, uma de muitas milhares de mães ucranianas que cruzou a fronteira para deixar o seu filho em segurança na UE, e depois regressou ao país para documentar as atrocidades da Rússia na sua “guerra de larga escala contra os princípios da Carta das Nações Unidas”, nas palavras de Von der Leyen.

Na sua intervenção, a líder do executivo comunitário recordou as medidas que Bruxelas aprovou para ajudar o Governo de Kiev a enfrentar a guerra, da assistência financeira para manter abertos os hospitais, as escolas e outros serviços públicos, à aceleração da produção de munições para que as Forças Armadas do país prossigam a sua contra-ofensiva.

Mas, ao contrário do ano passado, Ursula von der Leyen não antecipou novas medidas restritivas contra a Rússia: nem uma palavra sobre um novo pacote de sanções, ou sobre a utilização dos activos do banco central no esforço de reconstrução da Ucrânia, que tanto a UE, como os seus parceiros do G7, estão a estudar.

A presidente da Comissão também não disse nada sobre os contactos diplomáticos e negociações internacionais para ressuscitar o acordo que permite a exportação dos cereais ucranianos através do mar Negro, ou para promover o plano de paz em dez pontos proposto pelo Presidente Volodymyr Zelensky. Aliás, num discurso com mais de 6500 palavras, Von der Leyen não proferiu o nome do líder ucraniano nem uma única vez.

Mesmo assim, deixou claro que partilha com ele o grande objectivo político de integrar a Ucrânia na União Europeia. “O futuro da Ucrânia é na nossa União”, repetiu a presidente da Comissão, apelando à aprovação do financiamento adicional de 50 mil milhões de euros proposto para os próximos quatros anos, e destinados aos investimentos e reformas que todos os países candidatos têm de completar para respeitar o acervo comunitário. “Isto ajudará a Ucrânia a reconstruir um país moderno, próspero e de futuro”, vincou.

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