Putin corteja a China em dia de recepção a Kim
Presidente russo elogia “relações fantásticas” com Pequim e vice-primeiro-ministro chinês mostra-se disponível para aprofundar a cooperação entre os dois países.
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Vladimir Putin acusa o Ocidente de querer “refrear o desenvolvimento da China”, mas que “isso não será possível”, pois “é um comboio que já partiu”. Em Vladivostok, a cidade do extremo oriente russo onde arrancou esta terça-feira um fórum económico em que participa uma delegação chinesa, o Presidente da Rússia procurou sublinhar as “relações fantásticas” entre os dois países e elogiou a liderança política do “amigo” Xi Jinping.
“O Ocidente está a tentar refrear o desenvolvimento da China porque vê que a China, sob a liderança do nosso amigo, está a dar saltos de desenvolvimento. E isto deixa-os chocados”, afirmou Putin durante uma sessão de perguntas e respostas que, segundo as agências internacionais, sucedeu um longo discurso inaugural.
A delegação chinesa em Vladivostok inclui o vice-primeiro-ministro Zhang Guoqing, que se encontrou com Putin à margem do encontro. Segundo a agência noticiosa Xinhua, Guoqing terá dito ao Presidente russo que a China está disposta a “aprofundar a cooperação mutuamente benéfica” com a Rússia.
Perante o fórum, Putin destacou “as relações verdadeiramente fantásticas” com Pequim “no campo da segurança internacional e na coordenação de posições”. Ainda assim, lembra a BBC, este ano a China não se fez representar em Vladivostok ao mais alto nível, como aconteceu em várias ocasiões no passado, quando o próprio Xi Jinping se deslocou à Rússia para participar no encontro.
Aliás, sublinha à emissora britânica o analista Philipp Ivanov, o único chefe de Estado estrangeiro que está esta terça em território russo – embora se desconheça exactamente onde – é Kim Jong-un. O líder da Coreia do Norte à Rússia de comboio, mas os detalhes de um eventual encontro com Putin permanecem envoltos em secretismo.
“Haverá negociações entre as duas delegações e, depois disso, se necessário, os líderes continuarão a sua comunicação num formato cara a cara”, resumiu o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, sem adiantar que temas vão estar na agenda da visita de Kim. Analisando a lista provável de companheiros de viagem do líder norte-coreano, que integra responsáveis económicos e militares, a Reuters arrisca que Pyongyang poderá querer negociar o fornecimento de armas a Moscovo em troca de ajuda humanitária e cooperação económica.
Trump é vítima de “perseguição política”
Na sua alocução de várias horas em Vladivostok, o Presidente russo fez ainda várias outras afirmações sobre o estado da Rússia e do mundo. Remeteu para “o fim do ano” a decisão sobre uma possível recandidatura à presidência, declarou novamente que a contra-ofensiva ucraniana está a ser um falhanço, manifestou-se contra a proibição de os atletas russos competirem sob a bandeira russa nos Jogos Olímpicos, elogiou Elon Musk e também comentou as presidenciais americanas do próximo ano.
Para Putin, os processos judiciais que a Justiça norte-americana moveu contra Donald Trump são uma forma de “perseguição política” a um candidato. “Quanto às acusações contra Trump, acredito que tudo o que está a acontecer é bom, porque demonstra a podridão do sistema político americano, que não pode fingir dar lições sobre democracia aos outros”, disse o líder russo.
Ganhe quem ganhar a corrida à Casa Branca, acredita Putin, “não haverá mudanças significativas em relação à Rússia na política externa dos Estados Unidos”, porque Washington “olha para a Rússia como um inimigo existencial.”