Maioria dos obrigacionistas da Efacec aceita revisão das condições do empréstimo

Assembleia geral de obrigacionistas, marcada para esta terça-feira, foi adiada para nova data a definir. Acordo facilitará venda à Mutares.

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Assembleia de obrigacionistas da Efacec será convocada para nova data Nelson Garrido
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Uma maioria "significativa" de obrigacionistas da Efacec aceitou uma revisão da proposta de alteração do empréstimo à empresa, uma condição essencial para o avanço do processo de reprivatização. Em face deste acordo, a assembleia geral de obrigacionistas, marcada para esta terça-feira, foi desconvocada.

"O pedido de cancelamento realizado pela Efacec resulta do facto de ter sido alcançado um acordo com uma maioria significativa dos obrigacionistas quanto a uma revisão da proposta de alteração dos termos e condições das obrigações, que deveria ser votada na assembleia, em termos mais favoráveis para os obrigacionistas, o que torna a ordem de trabalhos da assembleia desactualizada", lê-se numa nota publicada no site da empresa.​

Não são dados mais pormenores sobre os termos de alteração das condições da emissão, no montante de 52,1 milhões de euros, a aprovar em assembleia ainda por marcar.

O empréstimo obrigacionista, emitido pela Efacec em 2019, pelo prazo de cinco anos (2024), foi colocado maioritariamente junto de investidores espanhóis, mas também de portugueses.

A concretização da venda de 71,73% do capital da Efacec ao fundo alemão Mutares, vencedor do segundo concurso de reprivatização da empresa, depende de um perdão de dívidas por parte dos bancos credores, do Estado e dos obrigacionistas, sendo que os dois primeiros já aceitaram os termos em que será feito.

Nos últimos três anos, o Estado tem feito injecções regulares de dinheiro na empresa, essencialmente para pagar salários aos cerca de dois mil trabalhadores, encontrando-se praticamente em gestão corrente. De acordo com declarações do ministro da Economia, António Costa Silva, em Junho, o Estado já injectou directamente 132 milhões de euros na Efacec, além dos 85 milhões de euros em garantias, o que perfaz um total de 217 milhões de euros.

A ausência de acordo com os obrigacionistas, que já motivou a desmarcação por duas vezes da respectiva assembleia geral, tem atrasado a conclusão da venda da empresa, processo que António Costa Silva diz esperar que chegue "a bom porto", como afirmou ainda na semana passada.

A nacionalização de 71,73% do capital da Efacec, detidos pela empresária Isabel do Santos, ocorreu no Verão de 2020, tendo-se iniciado a partir de então o processo de venda, que no fundo é a reprivatização da empresa.

Devido em parte aos constrangimentos financeiros, a Efacec tem acumulado prejuízos elevados (52,8 milhões de euros em 2022 e 183,9 milhões de euros em 2021). E de acordo com a informação divulgada pela empresa, o capital próprio era, no final do ano passado, negativo em 52,1 milhões de euros. Ou seja, encontra-se em falência técnica.

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