Marcelo sobre Costa: “As amizades não se deixam cair”

Presidente da República diz que se “avulta” mais ou “apaga” consoante a necessidade de “equilíbrio” do sistema.

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Marcelo visitou nesta tarde a Feira do Livro no Porto LUSA/FERNANDO VELUDO
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Numa altura em que as relações entre Belém e São Bento estão tensas, o Presidente da República assegurou não estar em causa a amizade com o primeiro-ministro, que conhece desde os tempos em que António Costa era seu aluno na universidade.

“Não me lembro de ter quebrado a amizade com ninguém de quem seja amigo. Como, aliás, a recíproca é verdadeira. Sou amigo de alguém que foi meu aluno aos 19 anos, tem para aí 60 e tal, eu tinha 30 e tenho quase 75. As amizades não se deixam cair. São importantes na vida”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas na Feira do Livro no Porto, depois de questionado sobre o estado da amizade com António Costa.

Escusando-se a comentar o anúncio de uma moção de censura ao Governo proposta pelo Chega, Marcelo aproveitou para lembrar que “não é suposto ser comentador”, que toma conhecimento das iniciativas partidárias para exercer as suas funções, que são as de “moderador”. O Presidente rejeitou, assim, ser comentador em contraste com o “fazedor”, dois papéis diferentes sobre os quais António Costa defendeu a necessidade de não confundir.

Questionado sobre se o seu papel mais interventivo possa eclipsar a oposição, Marcelo afastou a ideia. “Acho que não”, disse, recordando que o Presidente da República tem, no sistema português, um papel em que se “apaga mais ou avulta mais consoante as circunstâncias”.

“Houve casos de presidentes que tiveram uma intervenção muito activa na política portuguesa em certos momentos. Por exemplo, Mário Soares teve no seu segundo mandato uma parte muito activa, muito crítica, contundente. Noutros períodos, os presidentes apagam-se, afirmou, lembrando que o próprio teve um papel acrescido na pandemia ao ser o porta-voz das sessões no Infarmed. Voltou a “avolumar-se” quando dissolveu o Parlamento em Outubro de 2021 e “apaga-se quando não é necessário haver intervenção”.

Segundo Marcelo, o sistema supõe que o “Presidente exerça os seus poderes nos limites da Constituição, mais ou menos conforme a necessidade do equilíbrio do sistema.”

Relativamente às medidas anunciadas pelo primeiro-ministro para os jovens na Academia Socialista, o Presidente considerou que se trata de um “leque de medidas muito positivo", "uns mais marcantes, mais amplos, outros cobrem menos, têm um espectro mais pequeno”. Depois de ontem ter dito que havia “mais mundo para além dos jovens”, Marcelo considerou que os “jovens são uma realidade prioritária em termos económicos e sociais” e que faz sentido falar para eles numa academia e no início do ano lectivo.

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