Exportações de bens caíram 11% em Julho

Comércio com Espanha e Reino Unido afecta contas do comércio internacional, com menos fornecimentos industriais e vendas de combustíveis e lubrificantes.

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Até Julho, Portugal exportou mercadorias no valor de 46.690 milhões de euros Nuno Ferreira Santos
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A venda de produtos de Portugal para outros países continua a cair. As exportações recuaram 11% em Julho em relação ao mesmo mês de 2022 e, no acumulado dos primeiros sete meses do ano, o ritmo das vendas ao exterior só cresceu 1,2%, mostram os dados actualizados nesta sexta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

As vendas estão a cair há quatro meses consecutivos, quando se compara o comportamento de cada mês com o período homólogo. Se nos primeiros três meses de 2023 o registo foi positivo — as vendas chegaram a crescer 13% em Janeiro e 18% em Março —, a trajectória nos quatros meses que se seguiram foi a inversa. Em Abril, as exportações de bens recuaram 4% face a Abril do ano passado, em Maio baixaram 7%, em Junho diminuíram 3% e, agora, 11%.

Os envios de combustíveis e lubrificantes em Julho baixaram 46%, havendo uma quebra tanto em volume como em valor, e os de fornecimentos industriais caíram 18%, “sobretudo de produtos químicos e pastas celulósicas e papel”, refere o INE.

Apesar da trajectória negativa dos últimos meses, o pico das exportações de Janeiro a Março ainda permite equilibrar o resultado anual até ao momento. Até Julho, Portugal exportou mercadorias correspondentes a 46.690 milhões de euros, quando, no período comparável de 2022, no primeiro ano da invasão da Ucrânia e numa fase em que as economias sentiam de forma mais próxima os constrangimentos das cadeias de abastecimento agudizados durante a pandemia, tinha exportado 46.126 milhões.

Agora, em Julho, Portugal vendeu menos 8,6% aos parceiros europeus, agravando-se a tendência de diminuição já registada desde Abril. Nos primeiros sete meses, os países da União Europeia compraram a Portugal produtos no valor de 33.058 milhões, apenas mais 1,4% do que no mesmo período do ano passado, uma diferença de 441 milhões.

“Tendo em conta os principais países parceiros em 2022, salienta-se a diminuição das exportações para Espanha (-10%), sobretudo de fornecimentos industriais, e para o Reino Unido (-27%), principalmente de combustíveis e lubrificantes”, indica o INE.

Os países da União (olhando para o comércio com os actuais 27 Estados-membros, sem o Reino Unido) são os principais destinatários das vendas nacionais e, por isso, esta evolução na frente europeia, em que se regista uma deterioração das compras nos últimos meses, ajuda a explicar o comportamento global das exportações.

O comportamento do comércio com os países de fora da UE, cujo peso nas exportações portuguesas é menor, foi mais negativa. Depois de um forte arranque, com crescimentos acentuados de 25% e 36% em Janeiro e Março, as vendas foram baixando: caíram 3% em Abril em termos homólogos, 19% em Maio, 11% em Junho e 15% em Julho, fazendo com que, nos sete meses, haja uma quase estagnação (o crescimento ficou-se pelos 0,91%).

Do lado das importações também se registou uma quebra homóloga em Julho, de 8,2%, sobretudo por causa do decréscimo de 48% nas compras combustíveis e lubrificantes, que se deveu a uma quebra em volume e em valor nas compras de óleos brutos de petróleo (reflexo da “descida do preço deste produto no mercado internacional”), e também por causa da quebra de 14% nas compras de fornecimentos industriais, “principalmente metais comuns” fornecidos por Espanha. Em sentido contrário, diz o INE, houve um acréscimo de 20% na compra de material de transporte, “principalmente automóveis para transporte de passageiros, maioritariamente provenientes de Espanha”.

Os índices de valor unitário (preços) caíram dos dois lados da balança: 4,2% nas exportações e 9,1% nas importações quando comparado com Julho de 2022.

O défice da balança comercial, diz o INE, “diminuiu sete milhões de euros face a Julho de 2022, atingindo 2218 milhões de euros”, mas se se excluírem os combustíveis e lubrificantes, “aumentou 477 milhões, totalizando 1709 milhões de euros”.

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