Priscilla Presley: Elvis foi “o amor da minha vida”
“Elvis abriu-me o coração na Alemanha, os seus medos e as suas esperanças, a perda da mãe, que ele nunca ultrapassou”, lembrou Priscilla. “As pessoas pensam que foi o sexo. Não foi nada disso.”
A ex-mulher de Elvis Presley, Priscilla, afirmou que a lendária estrela do rock foi o amor da sua vida, apesar de, eventualmente, o ter deixado. Nesta segunda-feira, o Festival de Cinema de Veneza assistiu à estreia do filme sobre a turbulenta relação entre os dois.
Priscilla, realizado por Sofia Coppola, é baseado na sua autobiografia de 1985, Elvis e Eu, e retrata a montanha-russa que foi a sua vida ao lado de uma das figuras mais famosas do século XX.
“Não era que eu não o amasse. Ele era o amor da minha vida, mas era o estilo de vida que era muito difícil para mim”, disse Priscilla aos jornalistas em Veneza, momentos antes da estreia mundial do filme, que é protagonizado por Cailee Spaeny e Jacob Elordi.
Priscilla Beaulieu (n. 1945, Nova Iorque) conheceu Elvis Presley, em 1959, quando ela tinha apenas 14 anos, na Alemanha Ocidental, onde o músico/actor cumpria serviço militar e Priscilla vivia com a mãe e o padrasto, um oficial da Força Aérea norte-americana.
“Elvis abriu-me o coração na Alemanha, os seus medos e as suas esperanças, a perda da mãe, que ele nunca ultrapassou”, lembrou Priscilla. “As pessoas pensam que foi o sexo. Não foi nada disso. Eu não fiz sexo com ele [na altura]. Ele era muito gentil, muito carinhoso, mas respeitava o facto de eu ter apenas 14 anos.”
Elvis regressou aos Estados Unidos pouco tempo depois, mas os dois mantiveram-se em contacto e, em 1963, ele convidou-a para ir viver com ele em Memphis, onde ela terminou a escola.
Os dois casaram-se em 1967 e tiveram uma filha, Lisa Marie, em 1968. O divórcio deu-se em 1973, quatro anos antes de Elvis morrer, com apenas 42 anos. Mas, mesmo após a separação, “continuámos a ser muito, muito próximos,” garantiu Priscilla.
O filme oferece talvez o retrato mais sombrio de Elvis no ecrã, uma vez que ele manipula implacavelmente Priscilla, abusando dela verbalmente e, por vezes, ameaçando-a antes de tentar fazer as pazes.
“É muito difícil sentarmo-nos e vermos um filme sobre nós, sobre a nossa vida e sobre o nosso amor”, desabafou Priscilla, de 78 anos, fazendo uma pausa enquanto lutava para ultrapassar as suas emoções. “Acho que a Sophia [Coppola] fez um trabalho fantástico. Ela fez o seu trabalho de casa.”
Coppola (Óscar de melhor argumento original com Lost in Translation - O Amor é Um Lugar Estranho) disse que se tinha apoiado muito em Priscilla para montar o filme. “Tentei realmente fazer o filme do ponto de vista dela para que pudéssemos fazer a viagem com ela”, explicou aos jornalistas.
Cailee Spaeny disse que também pediu ajuda a Priscilla enquanto se preparava para dar vida à personagem, muitas vezes vulnerável, no grande ecrã. “Ela foi muito generosa com o seu tempo, foi muito simpática comigo e deu-me apoio. E acho que se não tivesse isso, teria tido muito mais dificuldade”, avaliou a actriz norte-americana.
Priscilla é um dos 23 filmes que concorrem ao Leão de Ouro, em Veneza. O festival decorre até 9 de Setembro.