Novo contrato colectivo de trabalho no sector do calçado aumenta salários em 4,2%

Fileira de calçado e artigos de pele terminou 2022 com um total de 40.730 trabalhadores, mais 2737 pessoas do que um ano antes.

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nelson garrido

A associação patronal do calçado APICCAPS assinou um novo contrato colectivo de trabalho com o Sindicato das Indústrias e Afins (SINDEQ) que altera algumas cláusulas contratuais e aumenta em 4,2% a massa salarial do sector.

Em declarações, esta quarta-feira, à agência Lusa, o director de comunicação da Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Componentes, Artigos de Pele e seus Sucedâneos (APICCAPS) salientou que a associação “reconhece a importância da renovação do contrato colectivo de trabalho para a regulação do sector e para assegurar o bem-estar e a qualificação dos trabalhadores”.

Isto, acrescentou Paulo Gonçalves, “não obstante a economia mundial dar fortes sinais de abrandamento, a perspectiva de uma longa guerra na Ucrânia e o aumento generalizado dos preços, ao qual acresce o reforço do clima de forte incerteza geopolítica num sector em que 88% da produção é assegurada por países asiáticos”.

Segundo a APICCAPS, “a abertura do SINDEQ permitiu chegar a uma plataforma de entendimento que assegurasse as condições indispensáveis para garantir a sustentabilidade das empresas e valorizar os trabalhadores, elementos fundamentais para o progresso de um sector que exporta mais de 95% da sua produção para todo o mundo”.

De acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) e do gabinete de estudos da APICCAPS, a fileira de calçado e artigos de pele terminou 2022 com um total de 40.730 trabalhadores, tendo contratado mais 2737 pessoas face ao ano anterior, o que se traduziu num aumento de 7,2% do emprego na fileira.

O sector do calçado foi o que mais postos de trabalho criou: ao contratar 1478 novos trabalhadores ao longo de 2022, aumentou o emprego em 4,8%, para um total de 32.292. Já o sector de componentes para calçado terminou 2022 com 5114 trabalhadores, mais 659 do que no final de 2021 (crescimento de 14,8%).

O maior crescimento ocorreu, contudo, no sector de artigos de pele e marroquinaria, onde o emprego aumentou 22%, para 3324 trabalhadores, em resultado da criação de 600 novos postos de trabalho em 2022.

Segundo destaca a APICCAPS, “no espaço de uma década, o emprego neste subsector da fileira triplicou”.

Tendo por base dados da Comissão Europeia que sugerem que, até 2030, a indústria europeia da moda vai necessitar de 500 mil novos trabalhadores, a APICCAPS recorda estar a empreender um “Roteiro do Conhecimento” pelas escolas, de modo a preparar as gerações do futuro.