A mãe de Luis Rubiales continua fechada numa igreja, em greve de fome como protesto contra a controvérsia que rodeia o filho, presidente suspenso da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF). Ángeles Béjar continua a insistir que apenas deixará a Igreja da Divina Pastora de Motril, na Andaluzia, quando acabar a “perseguição desumana e sangrenta” ao seu filho. Mas quem é esta mulher que defende o filho com a própria vida?
A polémica estalou na final do Mundial de Futebol Feminino, em Sydney, quando, durante os festejos da conquista da taça pela Espanha, Luis Rubiales beijou a jogadora Jennifer Hermoso. O dirigente continua a minimizar a gravidade da polémica, garantindo que o beijo foi consentido. A FIFA decidiu suspendê-lo durante 90 dias, mas os membros da RFEF pedem-lhe que se demita imediatamente. Ángeles Béjar argumenta que existiu “consentimento de ambas as partes” e descarta a narrativa de “abuso sexual”.
Em Madrid, num protesto organizado pelo movimento feminista Comisión 8M, centenas de pessoas exigiram a demissão imediata de Rubiales, pedindo que o futebol “seja um desporto livre de violência machista”, cita o diário desportivo As. E gritaram: “Não é um beijo, é uma agressão”. Estiveram presentes a ministra da Igualdade, Irene Montero, e a ministra da Educação e Formação, Pilar Alegría.
Em simultâneo, perto de 200 pessoas estiveram reunidas em frente à igreja da Divina Pastora de Motril para apoiar Rubiales e a mãe, em greve de fome no interior do edifício. “Jenni, por que não dizes a verdade?”, lia-se num dos cartazes. Entre os presentes, esteve a prima de Rubiales que se confessou “indignada” com a polémica e elogiou o primo como “uma pessoa muito boa”, cita o mesmo jornal.
O El Español descreve a mãe, Ángeles Béjar, como “uma pessoa muito crente e muito cristã”. Rubiales e a mãe sempre terão sido muito próximos e não há um Verão em que não passe férias com os pais, que se terão separado há quatro anos e vivem entre Granada e Motril.
O divórcio coincidiu com o momento da reforma de Ángeles Béjar, que fez vida profissional como cabeleireira. Era responsável por dirigir um salão em frente ao teatro Calderón de la Barca, em Motril. Quando se casou com Luis Manuel Rubiales López, a família mudou-se temporariamente para a Grande Canária, onde o marido dava aulas. Foi lá que, em 1977, nasceu Luis, o filho mais novo de três.
Pouco depois, regressaram a Motril, onde Rubiales Lopez fez vida enquanto político, pelo PSOE, tornando-se presidente da Câmara Municipal em 1995. Ángeles voltou ao cabeleireiro, onde se manteve até se reformar, com uma postura sempre discreta, “em segundo plano” do mediático marido, relata o El Mundo.
Terá sido, todavia, o desfecho da carreira política do marido a ditar o fim do casamento. Depois de várias décadas no PSOE e de uma passagem pela autarquia, Rubiales López foi convidado para tomar posse enquanto delegado do Conselho de Emprego de Granada. Essa promoção havia de o envolver no maior caso de corrupção da Andaluzia, o Ere, quando foi usado dinheiro público para pagar os dias de greve de duas empresas de recolha dos resíduos municipais.
Em 2020, o procurador de Sevilha pediu que Rubiales López fosse condenado a três anos de prisão, bem como a oito anos e três meses de inabilitação para cargos públicos. Então Ángeles Béjar já não estava ao seu lado. O julgamento e a sentença continuam pendentes.