Jogadoras renunciam à selecção espanhola e Hermoso insiste: “Não consenti o beijo”

Em comunicado, as campeãs do mundo de futebol feminino informam que não voltarão a representar a selecção espanhola enquanto a actual direcção estiver em funções.

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Jenni Hermoso com o troféu, em Sydney Reuters/AMANDA PEROBELLI
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Jenni Hermoso emitiu um comunicado, nesta sexta-feira, voltando a negar que o beijo de Luis Rubiales na entrega de medalhas do Campeonato do Mundo de futebol feminino tenha sido "consentido", como foi afirmado pelo presidente da RFEF (Real Federação Espanhola de Futebol). No mesmo documento, as jogadoras da selecção pedem uma mudança drástica no organismo e sublinham que não voltarão a jogar pela selecção espanhola com o actual dirigente em funções.

"Quero deixar claro que em nenhum momento consenti o beijo e que em nenhum caso tentei levantar o presidente. Não tolero que se ponha em causa a minha palavra e muito menos que se inventem palavras que eu não disse", afirma Hermoso, referindo-se à descrição feita por Rubiales, na manhã desta sexta-feira, do momento de toda a polémica.

Esta posição reforça a de um comunicado que já tinha emitido anteriormente, através do sindicato e da agência que a representa, e deita por terra uma das chaves da explicação avançada por Luis Rubiales durante a assembleia-geral da RFEF, quando atestou, peremptoriamente, que o beijo foi "mútuo e consentido".

A posição da jogadora, de resto, é secundada pelas colegas de selecção, num total de 33 signatárias do documento. E, em conjunto, as futebolistas vão mais longe, deixando claro que "não voltarão a uma convocatória da selecção se os actuais dirigentes prosseguirem" nos cargos.

É mais um sério revés para Luis Rubiales, que nesta sexta-feira já viu afastarem-se alguns dos vice-presidentes da RFEF, alguns dos presidentes da associações (que configuram grande parte da sua base de apoio) e até o responsável pelo futebol feminino, que apresentou a demissão.

"Não fui respeitada", insiste Jenni

A posição de Jenni Hermoso já tinha ficado clara, mas a agora jogadora do Pachuca fez questão de consolidar a explicação sobre o incidente, esclarecendo que se sentiu pressionada pela RFEF a sair em defesa de Rubiales. Num segundo comunicado, emitido à noite, a média ofensiva alongou-se.

“Pediram-me para fazer uma declaração conjunto para reduzir a pressão sobre o presidente, mas pensava apenas em desfrutar do feito histórico (...) e disse a vários interlocutores, RFEF, media e gente da minha confiança, que não faria nenhum tipo de declaração individual sobre o tema", adiantou.

"Apesar da minha decisão, estive debaixo de uma contínua pressão para vir a público com uma declaração que pudesse justificaro acto do sr. Luis Rubiales. Não só isso, mas, de diferentes formas e através de diferentes pessoas, a RFEF pressionou a minha família, amigos, companheiras para que desse um testemunho que pouco ou nada tinha a ver com as minhas sensações", precisou.

De resto, Jenni Hermoso classificou as declarações de Rubiales de "categoricamente falsas e parte da cultura manipuladora que ele próprio gerou". "Senti-me vulneráve e vítima de uma agressão", referiu, a propósito do beijo, dizendo-se "vítima de uma agressão, um acto impulsivo, machista, despropositado e sem nenhum tipo de consentimento." "Sinceramente, não fui respeitada".

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