Em dois dias de visita a Kiev, Marcelo vislumbrou “clima de esperança”

Presidente da República registou que o seu homólogo ucraniano está esperançado em mais avanços no terreno na guerra com a Rússia e que o país já está virado para a “reconstrução”

Foto
Em dois dias de visita, o Presidente da República esteve, em vários momentos, com o seu homólogo ucraniano EPA/SERGEY DOLZHENKO
Ouça este artigo
00:00
02:48

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

No final de uma visita de dois dias à Ucrânia, o Presidente da República considerou que a viagem “atingiu todos os objectivos pretendidos” e que foi um reflexo de um olhar para o “passado”, para o “presente” e “sobretudo para o futuro”, sobre o qual vislumbrou “um clima de esperança”.

Em declarações aos jornalistas, transmitidas pela CNN Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa referiu que a celebração do 32º aniversário da independência da Ucrânia, que decorreu esta manhã, já foi “virada para a reconstrução” do país. A percepção resultou igualmente das reuniões que teve ao mais alto nível com o seu homólogo Volodymyr Zelensky e com o primeiro-ministro, em que se “falou de cooperação para o futuro”, além de “cooperação política, diplomática e militar, já num clima de esperança”.

Esse ambiente mais desanuviado, prosseguiu Marcelo, também foi possível registar nas ruas de Kiev, motivo pelo qual a delegação portuguesa, liderada pelo chefe de Estado, quis ficar dois dias, o que “não é vulgar” em altos responsáveis políticos.

O Presidente confirmou que condecorou o seu homólogo com o Grande Colar da Ordem da Liberdade numa cerimónia privada e adiantou ter ficado com a “sensação” de que Zelensky "está empenhado, muito esperançado, há avanços que não são perceptíveis porque o território é grande e difuso, há expectativa de mais avanços no Outono e transição para o Inverno".

“Se me pergunta: Há uma inversão da situação? Basta olhar à volta e comparar a situação com as visitas aqui feitas há cinco meses, quatro meses para ver que há uma diferença”, afirmou, referindo que já não é obrigatório circular com coletes nas ruas da capital ucraniana.

Falar ucraniano? "Fiz das tripas coração"

Marcelo lembrou a sua participação de ontem da cimeira da Plataforma Crimeia, onde reafirmou a posição de apoio de Portugal à integridade do território ucraniano.

Questionado sobre se deu mais garantias na adesão da Ucrânia à NATO e à União Europeia e sobre se havia dúvidas em torno da posição de Portugal, o Presidente referiu que o “primeiro-ministro tinha sido muito claro e que o Presidente da Assembleia da República tinha sido muito claro”.

“A posição portuguesa de princípio é sim, a Ucrânia tem direito a integrar família europeia, que é a União Europeia, tem de haver uma aproximação primeiro, e depois inserção na NATO”, afirmou, defendendo que o processo implica trabalho de preparação de ambas as partes, Ucrânia e países europeus, enquanto outros dizem ‘está feito’, o que em caso de falha “podia ser uma grande desilusão.”

Sobre o discurso em ucraniano, que fez esta manhã na cerimónia do 32º aniversário da independência, o Presidente revelou ter decidido falar na língua local depois de ter percebido que o chefe de Estado da Letónia também o ia fazer. “Não aprendi a falar ucraniano, aprendi a preparar um texto alternativo quando o presidente da Letónia mudou o discurso de inglês para ucraniano. Aí fiz das tripas coração e falei o que podia”, disse aos jornalistas antes de caminhar pelo centro de Kiev onde contactou com populares e tirou selfies, segundo as imagens transmitidas pela CNN Portugal.

Sugerir correcção
Ler 3 comentários