Visita de Marcelo “valoriza” posição de Portugal e é sinal de apoio à Ucrânia, dizem eurodeputados
Eurodeputados Pedro Marques e Paulo Rangel sublinham a importância da deslocação do Presidente à Ucrânia nesta “fase crítica” da guerra e nas cerimónias do aniversário da independência do país.
Paulo Rangel, eurodeputado do PSD, considera que a coincidência da visita de Marcelo Rebelo de Sousa à Ucrânia com a data da independência deste país e o facto de ocorrer dias depois de uma visita do Presidente Zelensky à Suécia, Dinamarca, Países Baixos e Grécia “valoriza muito a posição portuguesa” no contexto europeu em relação à guerra. Por seu turno, Pedro Marques, eurodeputado do PS, salienta a importância de visitas como a do chefe de Estado português como expressão do apoio à “resiliência” da população ucraniana.
Em declarações ao PÚBLICO, o eurodeputado e vice-presidente do PSD refere que a deslocação de Marcelo Rebelo de Sousa à Ucrânia “seria sempre o reafirmar de um compromisso de Portugal e com as decisões da NATO e da União Europeia”, mas sublinha duas circunstâncias que valorizam ainda mais a visita. Uma delas é a coincidência da data da presença do chefe de Estado português no dia em que a Ucrânia celebra a 32.º aniversário da independência, o que reflecte que o Presidente “não vai a reboque” do primeiro-ministro, António Costa, ou do presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, que já estiveram na capital ucraniana.
Não é só a data “simbólica” da visita de Marcelo, mas também o facto de o Presidente Zelensky ter regressado de uma importante visita à Suécia, Países Baixos, Dinamarca e Grécia. Os Países Baixos e a Dinamarca comprometeram-se a enviar F16 para a Ucrânia.
“O facto de a visita ocorrer neste contexto valoriza muito a posição portuguesa”, afirma Paulo Rangel, que esteve em Kiev em Fevereiro deste ano, dias depois do primeiro aniversário da invasão russa.
Quase na mesma altura em que Paulo Rangel esteve em Kiev, integrado no Partido Popular Europeu, Pedro Marques também visitou a capital ucraniana como membro da delegação do grupo europeu Socialistas & Democratas.
O eurodeputado e ex-ministro socialista salienta que “todas as deslocações de altos responsáveis como o primeiro-ministro ou o Presidente da República a Kiev são absolutamente importantes e relevantes” na guerra, lembrando ainda que Estados europeus como Portugal foram muito relevantes na preparação da contra-ofensiva ucraniana com o envio dos tanques Leopard.
“Os ucranianos estão a enfrentar uma invasão bárbara há muito tempo e a população tem mostrado uma resiliência que é animada por este apoio internacional”, refere, sublinhando a “fase crítica” do conflito em que estes sinais de apoio se revelam importantes.
Quando visitou Kiev, Pedro Marques diz ter encontrado uma cidade com uma população que tenta fazer o seu dia-a-dia normal, mesmo quando na noite anterior é alvo de ataques com drones. “Não é só na frente de batalha que há resistência. Os ucranianos recusaram-se a desistir”, afirma.
Para Rui Tavares, deputado do Livre e antigo eurodeputado, a visita de Marcelo no dia nacional da Ucrânia tem “um significado profundo do ponto de vista da unidade europeia contra o neo-imperalismo de Putin”. “Significa que a distância geográfica não diminui o sentido da solidariedade. Não é por Portugal e a Ucrânia estarem em dois extremos do continente europeu que deixam de estar próximos no seu entendimento do que deve ser uma ordem internacional baseada nos direitos humanos, no respeito pela autodeterminação dos povos e da igualdade entre Estados perante o direito internacional”, sustenta.
O apoio dos portugueses ao apoio prestado pela União Europeia à Ucrânia, desde o início da guerra, é expressivo entre os cidadãos dos 27 países, de acordo com o recente relatório do Eurobarómetro do Parlamento Europeu.
O estudo, que inquiriu mais de 26.000 cidadãos da UE — entre eles 1002 de Portugal —, mostrou que 84% dos cidadãos nacionais estão satisfeitos com o apoio à Ucrânia desde a invasão da Rússia, em 24 de Fevereiro de 2022.
A nível europeu, 69% dos cidadãos estão de acordo com a ajuda dada pela União Europeia, mas mais de 25% mostraram não gostar da forma como a Europa tem apoiado Kiev nas áreas económica, financeira, e militar.