MNE: Já foram localizados alguns luso-descendentes desaparecidos no Havai
O Ministério dos Negócios Estrangeiros diz não excluir a hipótese de ainda existirem luso-descendentes por localizar e assegura que “continua a acompanhar a situação”.
Alguns luso-descendentes que estavam desaparecidos nos incêndios na ilha de Maui já foram localizados. Portugal continua a acompanhar a situação no Havai, adiantou este domingo o Governo. O presidente da Assembleia Legislativa da Madeira já manifestou pesar e solidariedade com a população afectada.
Em comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) refere que "sabe que alguns luso-descendentes já foram localizados, mas não se exclui que ainda existam desaparecidos". Na nota enviada lê-se que o MNE continua "a acompanhar a situação no Havai, através do Consulado-Geral de Portugal em São Francisco".
No sábado, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, disse que não havia "notícia de nacionais portugueses" entre as vítimas mortais dos incêndios florestais no Havai, nos Estados Unidos.
Antes, o Ministério dos Negócios Estrangeiros tinha confirmado a existência de luso-descendentes desaparecidos na sequência dos incêndios florestais no Havai. "Até ao momento, o Governo [norte-americano] ainda não publicou as listas de vítimas mortais, havendo no entanto conhecimento de membros de famílias luso-descendentes que se encontram desaparecidos", adiantou, em resposta à Lusa, o Ministério dos Negócios Estrangeiros no sábado.
Ainda nesse dia, o MNE português declarou também que não registou qualquer pedido de apoio de cidadãos de nacionalidade portuguesa, dupla nacionalidade ou luso-descendentes no Havai. "Há cerca de 30 cidadãos nacionais, inscritos no Consulado-Geral de São Francisco, com residência no Havai. A comunidade portuguesa, com dupla nacionalidade, estima-se em cerca de 200" pessoas, referiu o MNE.
O Ministério esclareceu ainda que a comunidade com herança portuguesa, "estimada em cerca de 100 mil pessoas", é formada por descendentes da vaga migratória do final do século XIX que não têm nacionalidade portuguesa. Porém, admitiu que na lista de desaparecidos nos incêndios do Havai, já divulgada, "há nomes portugueses de famílias luso-descendentes que não são cidadãos nacionais".
O número de mortos nos incêndios que atingiram a ilha norte-americana de Maui, no arquipélago do Havai, subiu para 93, de acordo com os dados revelados este domingo pelas autoridades locais. As entidades oficiais prevêem que, à medida que as buscas prosseguem nas zonas devastadas, mais vítimas vão ser encontradas.
Dois dos três incêndios de Maui ainda estão activos, segundo o último balanço feito pelo condado, que até agora apenas conseguiu verificar a identidade de duas das 93 vítimas confirmadas. A polícia local sublinhou que o processo será moroso, uma vez que é necessária uma verificação genética ou dentária.
O governador do Havai, Josh Green, referiu que os incêndios são já a "maior catástrofe natural que o Havai alguma vez viveu", segundo a CNN, estimando as perdas materiais em cerca de 6 mil milhões de dólares (cerca de 5,5 mil milhões de euros). O governador adiantou também que já foram ultrapassadas as 61 mortes confirmadas na sequência de um tsunami em 1960. Antes de o Havai se tornar um estado (em 1959) um tsunami, em 1946, matou 158 pessoas.
Estes incêndios são os mais mortíferos nos EUA em mais de 100 anos, superando o de Camp Fire, no estado da Califórnia, que causou 85 mortos e reduziu a cinzas a cidade de Paradise.
Madeira apela à "solidariedade e entreajuda"
O presidente da Assembleia Legislativa da Madeira, José Manuel Rodrigues, manifestou este domingo pesar e solidariedade com a população do Havai e os portugueses que ali residem pelas consequências provocadas pelos incêndios no arquipélago.
Numa nota enviada às redacções, José Manuel Rodrigues apela, "neste momento de grande consternação", à "solidariedade e entreajuda, de modo a que haja uma rápida recuperação social e económica das localidades atingidas".
O presidente do Parlamento madeirense refere que as ligações entre a Madeira e o Havai, nos Estados Unidos da América, "remontam ao ano de 1878, época em que as ilhas norte-americanas acolheram os primeiros imigrantes portugueses, muitos oriundos do arquipélago madeirense".
José Manuel Rodrigues recorda também que, em Julho de 2021, recebeu o cônsul honorário de Portugal do Havai, Tyler Santos-Tam, bisneto de madeirenses, "num encontro que serviu para estreitar o relacionamento entre os dois arquipélagos".