Médicos pedem a Marcelo que influencie “desfecho célere” de negociações com o Governo

Em causa está o desfecho do processo negocial que decorre entre os sindicatos dos médicos e o Ministério da Saúde, que continua sem acordo. Estão previstas mais reuniões esta semana.

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Médicos pedem aumento salarial e mais condições para prestar aos utentes “cuidados de saúde nas melhores condições” Manuel Roberto
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O secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM) entregou uma carta aberta, na tarde desta segunda-feira, na residência oficial do Presidente da República. Na missiva fica um apelo dirigido a Marcelo Rebelo de Sousa: “Esperamos que Vossa Excelência possa influenciar, no interesse de todos os portugueses, o desfecho célere do processo em curso.” Esta semana, há mais reuniões negociais marcadas.

Em causa está o desfecho do processo negocial que decorre entre os sindicatos dos médicos e o Ministério da Saúde, que continua sem acordo. Na carta aberta, divulgada pelo SIM, o sindicato afirma que “os médicos não querem mais do que ver o seu poder de compra reposto, após a brutal perda de que foram vítimas nos últimos 10 anos”, e sublinham querer prestar aos utentes “cuidados de saúde nas melhores condições”.

Ao longo de quatro páginas, a estrutura representante dos médicos assegura que fez “tudo para atingir um acordo justo” com o Ministério da Saúde, “que eliminasse a erosão de mais de 22% dos salários dos médicos nos últimos 10 anos”. E recorda o apelo deixado pelo chamado “pai” do SNS António Arnaut feito ao primeiro-ministro, de que houvesse investimento no serviço público. Assim como o do próprio Presidente da República, quando devolveu ao Governo o diploma referente às carreiras dos professores.

O sindicato aponta o dedo ao Governo pela situação do SNS. “Ao não aplicar os recursos disponíveis no desenvolvimento económico e social do país, o Governo está a dificultar o acesso dos portugueses aos cuidados de saúde que a Constituição consagra”, lê-se na missiva, na qual os médicos afirmam que "de pouco adianta o sucesso orçamental, quando o Governo demonstra insensibilidade e, até, desprezo perante as necessidades de saúde da população portuguesa”.

“Nunca os portugueses pagaram tanto para ter acesso aos cuidados de saúde que o SNS devia assegurar. Actualmente, cerca de 50% dos portugueses têm uma segunda cobertura para os problemas de saúde, quando em 2017 eram 25%”, salienta o SIM, referindo que foram “obrigados” a marcar greves, estando as próximas agendadas para dia 9 na região centro e para os dias 23 e 24, relativamente aos médicos internos.

O sindicato reafirma “o fortíssimo apelo ao Governo” para que concretize as propostas que se comprometeu a negociar. “E dirigimo-nos ao chefe de Estado, garante máximo do regular funcionamento das instituições democráticas, exercendo a sua magistratura de influência num derradeiro apelo à consecução dos referidos objectivos, a bem do SNS e da saúde dos portugueses”, apelou o SIM.

Referindo ainda que não pretende que o Presidente da República sirva de mediador, “apenas de garante da dignidade merecida aos profissionais de saúde”.

Também a Federação Nacional dos Médicos apresentou uma carta aberta a Marcelo Rebelo de Sousa, a quem pediram uma audiência, a alertar para a “situação de emergência” no SNS. “Os médicos querem um acordo célere e, por isso, sugerimos ao Governo que nomeie um mediador independente, capaz de dar às negociações o pragmatismo que o SNS precisa”, refere a carta, a que a Lusa teve acesso. Na mesma, o sindicato explica que não sugere que o Presidente seja o mediador, mas que pede a Marcelo Rebelo de Sousa que “reforce” junto do primeiro-ministro a necessidade da existência dessa figura.

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