O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef, na sigla original) alertou que cerca de 11 milhões de crianças ainda precisam de ajuda humanitária urgente devido aos violentos terramotos no sudeste da Turquia e da Síria que ocorreram há seis meses.

As crianças estão a enfrentar uma das crises humanitárias mais complexas do mundo na Síria, onde 8,8 milhões de pessoas, incluindo 3,7 milhões de crianças, foram afectadas pelos terramotos, agravando ainda mais uma situação que já era insustentável após 12 anos de conflito, afirma a Unicef Espanha num comunicado.

Os terramotos causaram a morte a quase 60 mil pessoas e fizeram mais de 122 mil feridos. Além disso, puseram 6,5 milhões de crianças e respectivas famílias em risco de contrair doenças transmitidas pela água, como a cólera; aumentaram a insegurança alimentar em 10% nas zonas afectadas; e exacerbaram os riscos de protecção das crianças (trabalho infantil, casamento precoce, riscos psicossociais, violência baseada no género).

Até à data, a Unicef ajudou 2,5 milhões de crianças e respectivas famílias nas zonas da Síria afectadas pelo terramoto, mas as necessidades humanitárias continuam a ser "enormes" e o financiamento é muito limitado.

Por isso, a organização lança um apelo para obter 468,5 milhões de dólares (mais de 424 milhões de euros) para ajudar as crianças e as suas famílias nas zonas afectadas pelo terramoto.

Na Turquia, cerca de quatro milhões de crianças continuam a necessitar de assistência humanitária, depois de mais de 300 mil edifícios terem sido danificados ou destruídos por terramotos e 1,6 milhões de pessoas terem sido forçadas a viver em tendas ou em abrigos improvisados.

Nos últimos seis meses, a Unicef, em colaboração com o Governo turco e outras organizações, forneceu vacinas e serviços de imunização a cerca de um milhão de crianças; entregou água, material de higiene e saneamento a 586 mil pessoas; prestou apoio psicológico a 518 mil crianças e aos seus prestadores de cuidados; levou água potável a 1,4 milhões de pessoas; e proporcionou acesso à educação a cerca de 400 mil crianças.

No entanto, as necessidades continuam a ser enormes, e a Unicef diz que precisa de 64,7 milhões de dólares (quase 59 milhões de euros) para continuar a entregar à população material que salva vidas, bem como para ajudar as famílias a fazer face à escassez económica e ajudar as crianças a regressarem à escola em Setembro.