Grupo VITA recebeu 40 denúncias de pessoas que dizem ter sido vítimas de abuso sexual

Pedidos de ajuda chegaram no espaço de pouco mais de dois meses, revelou a coordenadora do grupo.

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Na quarta-feira, o Papa Francisco reuniu-se com 13 vítimas de abusos sexuais LUSA/António Cotrim
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No espaço de pouco mais de dois meses, o Grupo VITA, liderado pela psicóloga Rute Agulhas, recebeu quase 40 denúncias de pessoas que dizem ter sido abusadas por elementos da Igreja Católica. Na quarta-feira, o Papa Francisco reuniu-se com 13 vítimas de abusos sexuais.

Em entrevista ao Diário de Notícias, Rute Agulhas revelou que “em pouco mais de dois meses” de funcionamento receberam “quase 40 pedidos de ajuda”. O grupo de apoio foi criado após a comissão liderada pelo pedopsiquiatra Pedro Strecht ter cessado funções. O relatório elaborado pela comissão estimou a possível existência de mais de 4 mil vítimas de abusos sexuais em Portugal por elementos da Igreja Católica em Portugal.

Questionada sobre o futuro, a psicóloga disse esperar “continuar a sentir que o Grupo VITA tem ‘carta branca’ para tomar as suas decisões” e que a Igreja portuguesa “continue” ao lado grupo, “centrada nas vítimas e no seu processo de reparação” e com “tolerância zero face aos abusos sexuais de crianças e adultos vulneráveis”.

Rute Agulhas referiu ainda que o grupo tem “pela frente muito trabalho”, focado no atendimento e no encaminhamento das pessoas que o procura, mas também na formação de estruturas da Igreja, como as comissões diocesanas e catequistas, de leigos, como a Direcção-Geral da Educação e a Ordem dos Advogados.

“Temos ainda pela frente a elaboração de um Manual de Prevenção dos Abusos Sexuais no Contexto da Igreja Católica, um Programa de Prevenção dos Abusos Sexuais neste mesmo contexto e, ainda, diversos outros estudos que nos permitam compreender melhor esta realidade em Portugal”, acrescentou.

Na última quarta-feira, fora do programa oficial, o Papa Francisco reuniu-se com 13 vítimas de abusos sexuais. “Para as vítimas que estiveram presentes, acredito que tenha sido, efectivamente, um caminho de reparação e de reconciliação”, disse Rute Agulhas, revelando que o Papa agradeceu ao Grupo VITA “o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido”.

“Como coordenadora do Grupo VITA, posso afirmar que o espírito de missão de todos nós saiu fortalecido. Tudo faremos para ajudar as vítimas”, disse.

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