“A sombra dos abusos sexuais está presente nestas jornadas, nem que seja uma sombra silenciosa”

Portugal vai sofrer um decréscimo dos indicadores de religiosidade nas próximas duas décadas, prevê o antropólogo Alfredo Teixeira, a propósito da JMJ Lisboa 2023.

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Ricardo Campos
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O peso dos católicos na sociedade portuguesa mantém-se próximo dos 80%, segundo os estudos mais recentes, mas, dentro desta proporção, o antropólogo Alfredo Teixeira descreve um catolicismo a várias velocidades. Nas próximas duas décadas, Portugal vai registar um decréscimo significativo dos indicadores de religiosidade, a par de um crescimento acentuado dos “crentes sem religião”, segundo o director do Instituto de Estudos de Religião da Universidade Católica Portuguesa. Considerando que a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) tem a marca do pontificado de João Paulo II mais do que do actual Papa, o investigador diz que o evento não consegue ser mobilizador do ponto de vista ideológico, nomeadamente por estar tão fortemente focado na celebração do acontecimento em si. É um evento que corresponde a uma “emocionalização da experiência religiosa”, mas que se esgota em si próprio. A sombra dos abusos sexuais cometidos no interior da Igreja estará lá, claro, mas o investigador considera que, entre os católicos mais activos, o desocultamento do flagelo serviu para legitimar a reivindicação de mudança mais do que como pretexto para a dissidência.

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