Netflix e Academia Portuguesa abrem concurso para argumentistas emergentes

Convocatória apela a profissionais “com diversidade étnica, cultural, sexual, de género, deficiência ou diversidade funcional e pessoas de contexto socioeconómico desfavorecido”.

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Rabo de Peixe saiu de um concurso para argumentos da Netflix PAULOGOULART/NETFLIX
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A Netflix quer conhecer o trabalho de argumentistas estreantes ou emergentes a trabalhar em Portugal e oferecer-lhes residências e mentoria, com foco na diversidade: a iniciativa Pitch Me!, lançada esta segunda-feira em parceria com a Academia Portuguesa de Cinema, procura temas e autores ligados a “segmentos da população em risco de exclusão social” e “sub-representados no cinema e audiovisual”. A plataforma de streaming não se compromete a desenvolver ou produzir os projectos seleccionados.

Este “programa de desenvolvimento de escrita" de longas-metragens e séries de ficção em contexto de "residências” promete aos autores dos projectos seleccionados a possibilidade de trabalharem com “argumentistas, mentores, script doctors [especialistas em tratamento de guiões]”, entre outros. O tema proposto é “O ano de todas as histórias".

Os interessados podem enviar as suas candidaturas a partir desta segunda-feira, e até 7 de Setembro. O programa está aberto a autores portugueses com mais de 18 anos ou pessoas de qualquer nacionalidade permanentemente residentes em Portugal mas sobretudo “que pertençam a um segmento da população sub-representado nas áreas do cinema e audiovisual, tais como: pessoas com diversidade étnica, cultural, sexual, de género, deficiência ou diversidade funcional e pessoas de contexto socioeconómico desfavorecido”.

No final do processo, serão seleccionados oito projectos: três a cinco propostas para séries ou três a cinco propostas para filmes. Os resultados serão anunciados até 2 de Outubro e no mês seguinte os seleccionados terão acesso a duas residências de três dias, intercaladas com sessões de mentoria e culminando com o “pitching” — a apresentação presencial dos projectos a “profissionais representativos da indústria cinematográfica e audiovisual portuguesa”, lê-se no comunicado da Academia.

O júri é composto pelo poeta e dramaturgo André Tecedeiro, pelo realizador Ary Zara, pela actriz, produtora e argumentista Ciomara Morais, pela argumentista e editora Marta Lança e pela jornalista e escritora Paula Cardoso.

A Netflix, plataforma de streaming parceira da iniciativa, “é somente um patrocinador do programa e não assume qualquer compromisso de desenvolvimento ou produção dos projectos seleccionados”, lê-se num anexo do regulamento.

Em Abril de 2020, a primeira iniciativa do género, que aproximou a mais popular plataforma de streaming do mundo da indústria audiovisual portuguesa, resultou num fenómeno chamado Rabo de Peixe. Nessa altura, foi o Instituto do Cinema e do Audiovisual a aliar-se ao serviço num concurso para argumentistas, isto enquanto se discutia a transposição da directiva comunitária que obriga estes operadores a contribuírem para o desenvolvimento da produção de conteúdos nos países membros.

Também esse concurso não obrigava a Netflix a desenvolver ou produzir qualquer dos projectos candidatos, mas abria-se a porta a negociações posteriores caso houvesse interesse das partes. Três anos depois, a série de Augusto Fraga sobre uma comunidade açoriana tornou-se no título português mais popular de sempre numa plataforma internacional de streaming.

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