Utilização do Threads, rival do antigo Twitter, caiu para menos de metade

Depois do entusiasmo inicial com a nova rede social, que assume rivalizar com o Twitter de Elon Musk, o Threads perdeu mais de metade dos seus utilizadores activos. Mark Zuckerberg desdramatiza.

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Depois do entusiasmo inicial, o interesse na nova rede social da Meta parece ter arrefecido Reuters/DADO RUVIC
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Terá sido apenas uma febre momentânea? Threads, a rede social da Meta que no princípio de Julho se apresentou como uma alternativa ao Twitter (agora X) de Elon Musk, enfrenta a sua primeira crise de crescimento. Depois do lançamento a 6 de Julho, a rede irmã mais nova do Facebook, Instagram e WhatsApp acumulou mais de 100 milhões utilizadores apenas em cinco dias. Contudo, passadas três semanas, o número de utilizadores activos caiu para menos de metade, anunciou na sexta-feira o CEO da Meta, Mark Zuckerberg.

Numa reunião com funcionários da empresa – a que a agência Reuters teve acesso – Zuckerberg desdramatizou e disse que a situação é “normal”, e que a retenção de utilizadores será maior à medida que novas funcionalidades forem adicionadas à aplicação.

Criado com o objectivo declarado de alcançar mil milhões de utilizadores, aproveitando a integração com o Instagram, que conta com dois mil milhões de utilizadores, o Threads replica várias funcionalidades e dinâmicas do rival Twitter: é uma rede centrada em mensagens curtas de texto (embora também permita a partilha de imagens e vídeos) distribuídas por dois feeds (um só com as contas seguidas pelo utilizador, outro com uma selecção algorítmica de conteúdos relevantes ou virais), sendo que cada mensagem pode ser "gostada", comentada ou partilhada, tal como no Twitter.

As semelhanças entre as duas redes têm motivado piadas dos internautas e críticas sobre a falta de novidades na proposta da Meta.

No outro lado da barricada está o X, o antigo Twitter, que, ao contrário da Meta, não vive um momento de saúde financeira. Controlada desde 2022 pelo multimilionário Elon Musk, a rede social está, desde então, envolvida em inúmeras polémicas, à imagem do seu proprietário: entre outras controvérsias, é acusada de amplificar discurso de ódio, desinformação e propaganda de extrema-direita (acusação comum a outras plataformas, como as da Meta), trocou um sistema consolidado de verificação de identidades por outro que requer apenas o pagamento de uma mensalidade, e operou uma mudança de marca pouco popular entre os seus utilizadores.

Pelo meio, tem sofrido problemas técnicos em linha com a impulsividade com que Musk decreta alterações na rede que nem sempre são implementadas de forma eficaz por um contingente de engenheiros reduzido por sucessivas vagas de despedimento.

Ainda assim, é no X que muitos políticos, empresários e outras personalidades continuam a comunicar com os seus seguidores. E, apesar de haver no X um problema de desinformação de contas falsas, ainda é por lá que grandes acontecimentos noticiosos continuam a ser seguidos por milhões de utilizadores ao minuto, como é o caso da guerra da Ucrânia.

Entre o acesso debate e o lugar "amigável"

Por agora, o caminho para o Threads destronar o antigo Twitter neste segmento das redes sociais não parece fácil. Apesar da mudança de nome, de ícone, das regras das contas verificadas, e até da visualização de conteúdos, o X mantém-se um espaço de debate sobre a actualidade, facilitado pela possibilidade de se pesquisar mensagens e de agregar conteúdos com hashtags, duas funcionalidades que o Threads não tem neste momento.

O Threads, por sua vez, assume que não privilegia a componente noticiosa e política e que está apostado sobretudo em criar um ambiente “amigável” de interacção, como disse o “pai” do Threads, e chefe do Instagram, Adam Mosseri. Como argumentou no The Guardian o académico Siva Vaidhyanathan, especialista em redes sociais e comunicação social, só o próprio X poderá destruir-se - devido a decisões danosas de Elon Musk, e não à concorrência de um rival.

Threads fora da UE, mas Meta mantém saúde financeira

Entretanto, o Threads continua oficialmente indisponível nos países da União Europeia (UE), por decisão da própria Meta, face à previsível incompatibilidade da aplicação com as regras comunitárias de privacidade e de partilha de dados. Contudo, vários utilizadores europeus têm conseguido aceder à nova rede social através do download da aplicação a partir de sites não oficiais. Ou seja, um round ganho por Musk, cuja rede social continua sem concorrente directa na Europa.

Apesar do arranque conturbado do Threads, aquém das expectativas iniciais, a Meta continua a apresentar saúde financeira, tendo anunciado esta semana um lucro de 7.79 mil milhões de dólares (cerca de sete mil milhões de euros). Em sentido contrário, o antigo Twitter continua longe da viabilidade financeira, como o seu proprietário admite, apesar de ter passado a cobrar por muitas das suas funcionalidades.

Por cumprir, na Meta, estão também as ambições em torno do metaverso. O universo de realidade virtual da empresa de Zuckerberg conta com reduzidos índices de utilização, apesar de um investimento multimilionário naquela tecnologia. Citado pela BBC, o fundador do Facebook admite que a aposta não deverá alcançar um patamar de viabilidade comercial durante esta década.

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