Contadores de histórias populares: os “ladrões” que congelam o tempo
Os contos populares resistiram ao passar dos séculos. Há contadores profissionais que não os deixam morrer. São histórias “de liberdade, de revolução, de insubmissão”. Mais “urgentes” do que nunca.
“Gostava de começar por contar uma história do princípio do mundo, do princípio antes de haver princípio”, convida Ana Sofia, sentada junto a um piano, numa das salas da Associação Renovar a Mouraria, em Lisboa. Temos casa cheia: as pessoas sentam-se nas cadeiras, ajeitam-se no chão. Os olhos arregalados, à escuta. Todas as atenções estão viradas para Ana. Ouvimos a História de Maria Bailarina, a mulher que trazia consigo o romper da Primavera e lhe nascia uma gana que não se sabe de onde vinha. Só queria dançar; a toda a hora, em todos os lugares. E já se sabe que, quando uma mulher quer muito uma coisa, o mundo estremece de medo.
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