Papa vai sentar-se em cadeiras feitas à medida e pode levá-las para o Vaticano
A Fenabel de Rebordosa, Paredes, fez oito cadeiras para a JMJ. O Papa Francisco vai usar quatro e o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa usará outras duas.
Acabam de ficar prontas as cadeiras onde vai sentar-se o Papa Francisco na Jornada Mundial da Juventude (JMJ), feitas em Paredes. São quatro cadeiras de madeira que vão acompanhar o pontífice por Lisboa e foram desenhadas à sua medida pela Fenabel, que produziu, ainda, duas cadeiras para o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa. “Não existem muitas oportunidades destas, é claro que aceitamos logo”, celebra a responsável pelo design, Carla Gomes.
Cada uma das oito peças produzidas pesa 28 quilos e tem uma altura de 1,25 metros. À primeira vista parecem-se com outras cadeiras feitas em madeira de freixo maciça, com acabamento na cor natural. “É um design simples, entre o contemporâneo e o tradicional”, explica ao PÚBLICO a responsável da Fenabel, de Rebordosa, que acrescenta ter-se guiado pelo “tema da simplicidade e intemporalidade”, inspirada pela cadeira de São Pedro.
O desafio para criarem as cadeiras, onde Francisco se sentará nos múltiplos compromissos oficiais entre os próximos dias 2 e 6 de Agosto, surgiu por parte da Câmara Municipal de Paredes, uma das capitais do mobiliário português, que contactou directamente a JMJ a propor que as peças fossem executadas pelas empresas da região. “Desde o encontro com o Presidente da República até aos outros eventos que tem nos dias em que está cá, as cadeiras vão acompanhá-lo”, diz Carla Gomes.
Antes de iniciarem a produção, a organização da JMJ enviou-lhes uma série de requisitos que o modelo teria de cumprir, nomeadamente em termos de medidas. “Temos de ter atenção que o utilizador da cadeira vem de um período de recuperação. É feita à medida para ele, adaptada para ser mais larga, mais estreita no assento, com apoio total de costas e uma altura personalizada”, avança ao PÚBLICO.
Todas executadas à mão, sem qualquer recurso a maquinaria, foi um só marceneiro a esculpir as oito cadeiras, Valdemar Pinto. De início ao fim, o processo demorou cinco semanas e “houve um cuidado diferente” com este projecto, reconhece Carla Gomes. Há outro detalhe a destacar: os pés da cadeira são unidos, para garantir mais estabilidade. É que ninguém quer ver a cadeira do Papa partir-se.
Além das medidas personalizadas, a cadeira distingue-se ainda pela escolha do tecido com que foi estofada, que também devia cumprir alguns critérios em prol da sustentabilidade, como ser reciclado e de origem natural, com o mínimo de químicos possíveis. Trata-se de um algodão antimicrobiano e respirável, uma vez que se espera que o Papa fique sentado durante longos períodos. Antes de estofar, o tecido foi igualmente bordado a linha dourada pela empresa com os brasões tanto do Papa Francisco, como da República Portuguesa.
A 2 de Agosto, estarão duas cadeiras para Marcelo e duas para Francisco na visita de cortesia ao Palácio de Belém, agendada para as 11h15. Depois outras duas cadeiras vão acompanhar o Papa em todos os eventos, desde o encontro com jovens na Universidade Católica, a Cascais ou a Algés, onde se encontrará com os voluntários, a 6 de Agosto.
Carla Gomes diz desconhecer, para já, quanto custou a produção, nem quanto valem as cadeiras, mas as peças são uma oferta tanto para o Presidente da República, como para o Papa Francisco. A esperança, confessa, é que as leve para o Vaticano, no final da JMJ. “Isso fica à consignação do próprio, mas seria um orgulho.”
Para quem quiser ver a cadeira de Francisco de perto, um dos oito modelos será doado ao Museu do Mobiliário em Paredes e, em breve, poderá ser apreciado pelos visitantes.