Nos Açores de Celorico da Beira, cabem Rhode Island e França
À ‘vó Mila’, nunca ninguém levou para fora. José Coelho afirma “This is my land.” Açores de Celorico é terra antiga, de lendas (milagres?) e história(s). Sobretudo, é terra de emigrantes.
A casa amarela isolada é a última referência que nos dão — o caminho para a forca é sempre a subir até deixarmos a aldeia para trás e entrarmos em território de granito e pinheiros. Nós subimos o outeiro, caminhamos entre cheiro de caruma seca, o som longínquo de carros e penedos de formas excêntricas. “Não vão ver muito”, avisaram-nos, “porque levaram tudo, as correntes, as argolas, as indicações. Mas há um penedo: as pias estão do lado esquerdo, a forca do lado direito.” Não estamos certos de que vimos o local onde se ergueu a forca de Açores (um penedo dentado, aos pés do qual vemos algo que poderia ser uma pia) e “de onde as cabeças cortadas rolavam até ao centro da povoação”, como alguém descrevera. Forca e cabeças cortadas não parecem compatíveis, mas em Açores as histórias que passam de geração em geração substituem-se à história oficial.
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