Feijóo pede a Sánchez que não tenha “a tentação de voltar a bloquear Espanha”

“Não há nenhum presidente que tenha governado depois de perder as eleições”, disse o líder do PP. Uma frase que repetiu em campanha e que gostava de ter podido evitar na noite eleitoral.

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Feijóo venceu, mas a vitória pode não chegar JUAN MEDINA/Reuters
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O líder do Partido Popular celebrou este domingo uma vitória em eleições gerais "sete anos depois", sabendo que há grandes possibilidades de que esta venha a ser a mais amarga das vitórias. Com oito milhões de votos, o PP conseguiu eleger 136 deputados. "Tivemos um resultado que há pouco mais de ano e meio parecia impossível", vencendo 40 das 52 províncias e conquistaram a maioria absoluta no Senado.

Apesar dos factos, a verdade é que este resultado ficou bem aquém do que Feijóo esperava – e do que era antecipado por todas as sondagens, incluindo os principais inquéritos de opinião actualizados, publicados ao início da noite. Em quase todos, os conservadores conseguiam pelo menos 150 deputados (o candidato à presidência do governo chegou a dizer que com este número de lugares poderia governar a solo), ao mesmo tempo que a soma dos seus votos com os do Vox ou garantia a maioria absoluta ou ficava perto disso.

Afinal, nem isso se verifica nem é impossível que Pedro Sánchez seja capaz de chegar à maioria de 176 deputados através de uma ampla coligação com as forças à sua esquerda, que teria ainda de incluir a direita independentista catalã (Junts). Para já, Feijóo reivindica o seu direito a tentar formar governo e insiste, como durante a campanha, que “o partido mais votado deve governar”. "É o que se passou sempre: todos os candidatos mais votados governaram", repetiu. “Não há nenhum presidente que tenha governado depois de perder as eleições".

Face à situação de bloqueio que se antevê, o líder dos populares sublinha que "os espanhóis falaram e convêm escutá-los": por isso, "como candidato com mais votos fico responsável por começar o diálogo para formar o governo". Lançou também um aviso, particularmente dirigido ao líder dos socialistas: "Peço que ninguém tenha a tentação de voltar a bloquear Espanha" porque "a anomalia de que em Espanha não governe o partido mais votado só tem como alternativa o bloqueio".

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Nem o bloco da direita, nem o da esquerda, tem o número de deputados necessário (176) para obter a maioria absoluta.

Reuters,Joana Bourgard

Apesar dos gritos dirigidos Feijóo, o nome mais ouvido junto à sede do PP, na madrilena Calle de Génova foi, como nas últimas eleições regionais e municipais, o da presidente da Comunidade de Madrid, Isabel Díaz Ayuso, que muitos militantes gostariam de ver na presidência do partido e do governo de Espanha.

Feijóo chegou à liderança do PP há 15 meses, assumindo o cargo na sequência de uma crise interna sem precedentes que opôs Ayuso ao então presidente do partido, Pablo Casado. Depois de ter recusado a chamada de muitos dirigentes para suceder ao ex-primeiro-ministro Mariano Rajoy, oficialmente por “amor à sua Galiza”, desta vez não teve dúvidas – deixar o governo da Galiza para liderar a oposição durante uma caminhada no deserto é bem diferente do que fazê-lo num momento que era visto como de início de mudança de ciclo político.

Depois de uma campanha em crescendo, é possível que alguns erros da última semana tenham frustrado as ambições de Feijóo, que decidiu faltar ao único debate que juntaria os líderes dos quatro maiores partidos – segundo Sánchez, para não ser visto ao lado de Santiago Abascal, acentuando a percepção de um bloco PP-Vox –, ao mesmo tempo que se atrapalhava para responder a perguntas sobre a sua amizade com Marcial Dorado, conhecido narcotraficante galego condenado a dez anos de prisão.

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