Mais de metade dos jovens portugueses admite emigrar

Instabilidade financeira e problemas com a habitação são as maiores preocupações demonstradas pelos inquiridos, entre os 18 e os 34 anos

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A maioria dos jovens queixa-se da instabilidade financeira e da habitação em Portugal Nuno Ferreira Santos
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Uma sondagem sobre os jovens a residir em Portugal revela que 54% deles admite viver fora do país, enquanto 19% fica na dúvida sobre essa questão. As respostas estão este domingo no Jornal de Notícias, no Diário de Notícias e na TSF.

Há algum paradoxo na forma como os jovens entre os 18 e os 34 anos, questionados para esta sondagem, olham para o país. Por um lado, 53% acredita que Portugal é um bom local para viver (17% discorda ou discorda totalmente desta afirmação) e 43% acredita que o país lhes oferece hoje melhores condições de vida do que aos seus pais, mas, mesmo assim, são muitos os que ponderam sair.

A razão pode ser encontrada numa outra resposta destes jovens, sobre qual é o maior problema que enfrentam. A instabilidade financeira foi seleccionada por 32% deles, seguida da habitação, que preocupa 28% dos inquiridos, e da instabilidade no emprego (16%).

Os que ponderam sair, dizem os diários, são sobretudo os mais jovens e que concluíram o ensino secundário ou superior, enquanto os mais velhos, dentro daquela grupo etário e com o 9.º ano são os que mais resistem a emigrar. Quanto à escolha do novo destino, a Europa aparece como a favorita.

Ainda sobre o trabalho, há uma percentagem relevante de inquiridos que diz estar satisfeito com o seu trabalho e querer mantê-lo (45%) e 49% dos jovens admite que o rendimento de que dispõem dá para viver. Contudo, quando se acrescenta o “confortavelmente” a esse dado, a percentagem desce para 25% e há quase outro tanto (21%) que diz que é difícil viver com o rendimento actual.

A sondagem diz-nos ainda que 73% dos jovens inquiridos não tem filhos, mas 77% deste grupo gostaria de ter, e que viver uma relação estável é objectivo de quase todos: 92% disse que o queria. A maioria (65%) trabalha e vive em casa própria (59%) ou arrendada (37%), mas não quer dizer que sejam eles os titulares de propriedade ou do contrato de arrendamento: 30% vive com os pais, embora a maior fatia de inquiridos (43%) partilhe casa com um companheiro.

Apesar de terem quase todos ouvido falar na Jornada Mundial da Juventude (91%), a maioria não pretende participar (74%), o que está em linha com aqueles que admitem ter algum envolvimento cívico de carácter religioso: apenas 12%. Neste campo, o voluntariado na área da solidariedade social (27%) é o que chama mais jovens e, quando se fala da política, a participação é quase inexistente: apenas 2% diz ter feito algum voluntariado nessa área.

Sobre as suas preocupações sociais, a sondagem diz-nos que apenas 35% ouviu falar no rendimento básico universal, mas que 70% concordaria com a sua aplicação. Há também 77% dos jovens inquiridos que são favoráveis à lei da eutanásia e 69% à interrupção voluntária da gravidez - a mesma percentagem dos que dizem ser favoráveis ao casamento entre pessoas do mesmo sexo ou dos que se mostram preocupados com a guerra na Ucrânia.

Os jovens inquiridos começaram a utilizar a internet cedo (57% entre os 10 e os 14 anos e 22% antes dos 10 anos), recorre a ela várias vezes por dia (88%) e o melhor local para os encontrar é o Instagram (80% usa-o).

Vão a eventos ocasionalmente (47%), ocupam os tempos livres sobretudo a ver filmes ou séries (60%) e têm níveis moderados de preocupações ambientais. 65% diz fazer reciclagem e 35% compra menos roupa e acessórios. Apenas 6% diz não ter qualquer prática neste campo.

A sondagem foi realizada pela Aximage e recorreu a entrevistas a 803 jovens.

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