Cientistas querem contribuir para o combate à desinformação sobre vacinas

O projecto visa a identificação rápida de argumentos antivacina e, em simultâneo, a refutação desses argumentos de forma construtiva para combater a desinformação.

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O estudo foi desenvolvido na Universidade de Coimbra Gregorio Cunha

Um contributo para o combate à desinformação sobre vacinas é um dos objectivos de um estudo produzido na Universidade de Coimbra (UC), um projecto que inclui uma ferramenta online gratuita para permitir refutar a argumentação antivacinas.

"Os cientistas lançaram uma ferramenta online gratuita que permite a identificação rápida de argumentos antivacina e, em simultâneo, a refutação desses argumentos de forma construtiva", referiu a UC em comunicado enviado hoje à agência Lusa.

O estudo possibilitou a identificação de 11 tipos de formação de atitudes de oposição à vacinação, análise que pretendeu tornar mais eficiente o combate à desinformação.

Os 11 tipos de formação de atitudes identificadas pelos autores são o pensamento conspiracionista, a desconfiança, crenças infundadas, percepção do mundo e política, questões religiosas, questões morais, medo e fobias, percepção distorcida do risco, crença no interesse próprio, relativismo epistemológico e reactividade.

A ferramenta inclui mais de 60 tópicos de desinformação que podem surgir em conversas presenciais sobre vacinação, tanto em contexto profissional, nomeadamente em diálogos com pacientes, como na esfera pessoal, em conversas com amigos.

"O trabalho de investigação pretende, assim, abrir caminho para que se desenvolvam mais estratégias de refutação e outras intervenções que respondam de forma mais direccionada à argumentação antivacinação", enfatizou a Universidade de Coimbra.

Citado na nota, Angelo Fasce, investigador da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC) e primeiro autor do estudo, defendeu que o problema da motivação antivacinação requer uma abordagem que vai além de apontar as falhas nos argumentos.

"Deve considerar também as raízes desta atitude, isto é, os atributos psicológicos subjacentes à crença da oposição às vacinas", destacou.

Segundo Angelo Fasce, no contexto deste trabalho científico, as atitudes dizem respeito às crenças e ideias que as pessoas vão formando através da interacção social e das experiências que vivem. "É de acordo com essas atitudes que o ser humano reage de forma positiva ou negativa a pessoas, situações ou objectos", observou.

A hesitação vacinal, considerou o investigador da FMUC, é um conceito que abrange um espectro de atitudes, que vão desde a recusa de todas as vacinas até à aceitação da vacinação, ainda que com incertezas em fazê-lo, sendo uma barreira para alcançar uma percentagem de vacinação suficientemente alta que permita proteger as comunidades.

Uma das abordagens mais promissoras para superar a hesitação vacinal passa pelo diálogo entre pacientes e profissionais de saúde.

Ao longo do estudo, os investigadores procuraram identificar alguns padrões de oposição vacinal com o objectivo de apoiar os profissionais de saúde a aplicar estratégias de comunicação que sejam eficazes para lidar com indivíduos hesitantes, que podem ser influenciados por desinformação sobre a vacinação.

Angelo Fasce frisou ainda que as atitudes de oposição são cada vez mais comuns nas consultas e requerem treino específico para serem devidamente abordadas.