Alexandre Fonseca suspende funções executivas no grupo Altice
Altice diz que com esta suspensão de Alexandre Fonseca, que deixou presidência executiva do grupo em Abril de 2022, “pretende proteger os interesses do grupo Altice num processo que é público”.
A Altice anunciou esta segunda-feira que o co-CEO, Alexandre Fonseca, suspendeu as suas funções no âmbito das actividades empresariais executivas e não executivas de gestão do grupo em diversas geografias, incluindo as posições de chairman em diversas filiais, como em Portugal, após uma investigação do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) do MP.
Com esta sua decisão, Alexandre Fonseca "pretende de forma inequívoca proteger os interesses do grupo Altice, e todas as suas marcas num processo que é público onde, aparentemente, são indiciados actos a investigar ocorridos no período em que este exerceu as funções executivas de presidente da Altice Portugal", refere o grupo em comunicado. "Esta postura de Alexandre Fonseca contextualiza-se num acto responsável no caminho para o cabal esclarecimento da verdade", adianta.
"Esta é uma decisão que o grupo Altice aceita e valoriza, pois auxilia a salvaguarda da prossecução da sua actividade empresarial e promove a defesa dos princípios da transparência, e da inequívoca colaboração no apuramento dos factos", conclui o grupo que detém a Altice Portugal, dona da Meo.
Alexandre Fonseca deixou a presidência executiva da Altice Portugal em Abril do ano passado, passando a ter funções executivas internacionais no grupo, acumulando com o cargo de chairman na subsidiária portuguesa.
De acordo com o Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) do MP, a operação desencadeada na quinta-feira, que levou a três detenções, contou com cerca de 90 buscas domiciliárias e não domiciliárias, entre as quais instalações de empresas e escritórios de advogados em vários pontos do país.
Em causa está, alegadamente, uma “viciação do processo decisório do grupo Altice, em sede de contratação, com práticas lesivas das próprias empresas daquele grupo e da concorrência”, que apontam para corrupção privada na forma activa e passiva. As autoridades destacam ainda que a nível fiscal o Estado terá sido defraudado numa verba “superior a 100 milhões de euros”.
A investigação indica também a existência de indícios de “aproveitamento abusivo da taxação reduzida aplicada em sede de IRC na Zona Franca da Madeira” através da domiciliação fiscal fictícia de pessoas e empresas. Entende o Ministério Público que terão também sido usadas sociedades offshore, indiciando os crimes de branqueamento e falsificação.
Nas buscas, o DCIAP revelou que foram apreendidos documentos e objectos, "tais como viaturas de luxo e modelos exclusivos com um valor estimado de cerca de 20 milhões de euros".