O que são bombas de fragmentação? Porque é que os EUA hesitaram no seu envio?
As bombas de fragmentação estão proibidas em mais de 100 países e são responsáveis pela morte de inúmeros civis, durante e após os conflitos.
A Casa Branca confirmou esta sexta-feira que os EUA vão enviar bombas de fragmentação para a Ucrânia. A decisão aconteceu no âmbito de um novo pacote de apoio militar no valor de 800 milhões de dólares (729 milhões de euros) anunciado por Washington, e após um longo período de hesitação dos norte-americanos.
É um tipo de armamento polémico, proibido em mais de 100 países, e a decisão norte-americana arrisca dividir os aliados no conflito ucraniano.
O que são bombas de fragmentação?
As bombas de fragmentação consistem em munições que se desfazem no ar e libertam centenas de submunições explosivas, ou bombas mais pequenas, numa área mais vasta, equivalente a vários campos de futebol. Estas munições podem ser lançadas a partir de aviões ou peças de artilharia, ou através de mísseis, de acordo com o Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV), uma das organizações que defende a sua abolição.
Foram desenvolvidas durante a Segunda Guerra Mundial e utilizadas por pelo menos 15 países em vários conflitos subsequentes, como no Vietname, no Iraque ou no Afeganistão.
Tanto a Rússia como a Ucrânia são suspeitas de utilizar bombas de fragmentação no actual conflito. Uma investigação levada a cabo pela Human Rights Watch (HRW), divulgada esta quinta-feira, dava o exemplo dos ataques ucranianos na cidade de Izium e nos seus arredores, no Leste da Ucrânia.
Quais são os perigos associados a este tipo de armamento?
As bombas de fragmentação, por serem munições de baixa precisão e por atingirem uma área extensa, estão associadas à morte de um grande número de civis, vítimas colaterais dos conflitos. As pequenas bombas tendem a detonar assim que entram em contacto com o solo ou outro alvo, resultando por si só num grande número de vítimas.
Mas muitas destas pequenas peças explosivas podem não detonar e ficar escondidas por muitos anos, até serem activadas acidentalmente por civis, mesmo após o fim de uma guerra.
Na prática, quando não rebentam, transformam-se em minas terrestres. O CIVC indica que entre 10% e os 40% dos fragmentos explosivos não são detonados quando são lançados sobre o alvo.
Devido aos enormes riscos para civis, a Convenção sobre Armas de Fragmentação foi assinada em 2008 e proíbe a utilização deste tipo de armamento. No entanto, os EUA, a Rússia e a Ucrânia não pertencem à lista de mais de 100 países que ratificaram o tratado.
Porque são consideradas fundamentais para ajudar a Ucrânia no conflito?
A Ucrânia tem solicitado ao Ocidente o envio de armamento, incluindo bombas de fragmentação, para impulsionar a sua contra-ofensiva contra as forças russas. Os EUA mostraram-se inicialmente hesitantes em relação ao seu fornecimento.
Durante a conferência de imprensa, na qual foi anunciada a decisão de Washington, o conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Jake Sullivan, disse no entanto que foi uma "decisão unânime" na Casa Branca. "O ponto principal é o seguinte: reconhecemos que estas munições são um risco, mas também há riscos se a Rússia conquistar mais território", explicou.
Os EUA referem ainda que as bombas de fragmentação que vão ser enviadas para a Ucrânia terão uma taxa de falha reduzida.