Autarca de Gondomar chocado com sentença que obriga a desenterrar mais de mil mortos

Marco Martins considerou que a “decisão não tem pés nem cabeça, não tem em conta o aspecto sentimental da questão e, além disso, é ilegal”. Câmara vai recorrer para a Relação.

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O tribunal deu como provado que a parcela referente a parte do cemitério não podia ser vendido à Câmara Adriano Miranda / Arquivo
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O presidente da Câmara de Gondomar disse esta sexta-feira estar em "estado de choque" com a sentença que obriga a autarquia a desenterrar mais de mil mortos de um cemitério, considerando que é a decisão é "ilegal e sem sentido".

Em declarações à Lusa, Marco Martins afirmou que a Câmara de Gondomar, no distrito do Porto, vai recorrer daquela sentença "até às últimas consequências", considerando que, "entre outros aspectos", o tribunal não teve em conta o "lado sentimental da questão".

"Eu estou em estado de choque, completamente incrédulo. Com todo o respeito pela Justiça, esta decisão não tem pés nem cabeça, não tem em conta o aspecto sentimental da questão e, além disso, é ilegal", afirmou Marco Martins.

Segundo o Jornal de Notícias (JN), parte do cemitério n.º 2 de Rio Tinto está instalado, desde 2001, nuns terrenos alvo de uma disputa jurídica na qual é pedida a devolução de cerca de 10 mil metros quadrados que tinham cinco donos e foram vendidos à autarquia por uma imobiliária como "estando livre de encargos ou ónus".

No entanto, refere o JN, o tribunal deu como provado que a parcela referente a parte do cemitério, de 1757 metros quadrados, não estava livre de encargos e não podia ser vendida à Câmara, porque não pertencia a quem fez a venda inicial.

O socialista Marco Martins argumentou que, "segundo a lei, nenhum corpo pode ser exumado até três anos após o seu enterro, pelo que a sentença não é exequível".

Por isso, garantiu, "a Câmara vai recorrer para a Relação, vai até às últimas consequências e lamenta o alarme social gerado com a decisão do tribunal".

Na decisão noticiada pelo JN, o tribunal recusa o argumento da autarquia de que os terrenos onde funciona aquele cemitério estão em domínio público, obrigando, desta forma, a que seja cumprida uma sentença de 2019, que obriga o município a devolver aqueles terrenos tal e qual como eles estavam, ou seja, sem as estruturas do cemitério, incluindo os mais de mil defuntos ali enterrados.