Número de sem-abrigo em Gondomar triplicou em 2022, diz Câmara Municipal

Segundo um estudo financiado pelo Fundo Social Europeu - Norte 2020, no ano passado, havia no concelho 151 pessoas em situação de sem-abrigo. Em 2021 rondavam havia cerca de 50 pessoas.

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O número de pessoas em situação de sem abrigo aumentou 200% em Gondomar, em 2022 Paulo Pimenta
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Gondomar registou no ano passado 151 pessoas sem-abrigo, um número que cresceu 200% face a 2021, revela o diagnóstico que será apresentado esta terça-feira e que indica que 68% são do sexo masculino.

No relatório do diagnóstico, a que a Lusa teve acesso, em 2022, os sem-abrigo no concelho eram maioritariamente do sexo masculino (68%), solteiros (67%), com idades entre os 45 e os 64 anos (57%), portugueses (97%), residiam ou pernoitavam na sua maioria nas freguesias de Rio Tinto (36%) e S. Pedro da Cova (20%) e tinham como principal fonte de rendimento o Rendimento Social de Inserção (57%), seguido de fontes desconhecidas (21%).

Destes 68%, a maioria encontrava-se em situação sem tecto (81%), quer por pernoitarem em espaço público/rua (17%), quer por residirem em alojamentos não convencionais (64%), como viaturas, caravanas, edifícios não convencionais ou estruturas temporárias, continua o relatório.

A maioria das 151 pessoas sem-abrigo encontrava-se nessa situação num período de tempo entre um a cinco anos (36%) ou há menos de seis meses (24%), apresentando como principais motivos para a sua condição a ausência de suporte familiar (22%), situações de despejo ou falta de alojamento (15%), desemprego ou precariedade do trabalho (13%) e dependência de álcool ou substâncias psicoactivas (13%), descreve o documento.

Quase todos os sem-abrigo (92,5%) consideram ter rede de suporte, sobretudo relacionado com apoio de técnicos(as) de entidades/organizações de apoio social (58,2%) e por parte de amigos e/ou vizinhos cuja relação é anterior à situação (46,3%). Lê-se ainda no relatório que 67,2%, independentemente do sexo, estava desempregado.

O diagnóstico assinala ainda que as respostas de alojamento existentes naquele concelho do distrito do Porto são “bastante reduzidas, contemplando um Centro de Acolhimento Temporário, com capacidade de resposta reduzida (apenas quatro utentes) e com taxa de ocupação de 100%”.

O estudo, financiado pelo Fundo Social Europeu - Norte 2020, resulta da parceria entre a Câmara de Gondomar, a Operação API@GONDOMAR – Acolher, Proteger e Incluir – Projecto de Inserção de Pessoas em Situação de Sem Abrigo e a Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação Gondomar-Valongo e será apresentado esta terça-feira, às 15h, no Pavilhão Multiusos de Gondomar.

Através do conhecimento desta realidade, o município pretende “contribuir para um aumento da eficiência, eficácia e impacto da intervenção nesta área”.

A metodologia utilizada neste diagnóstico seguiu uma lógica de fases, com a utilização de métodos de recolha e fontes de informação variados. As três fases previstas no plano de trabalho foram cumpridas, correspondendo à identificação dos principais traços de perfil dos sem-abrigo acompanhados no concelho, ao mapeamento das respostas e recursos existentes e ao cruzamento de dados, com vista à elaboração de recomendações relativas aos recursos e estratégias de intervenção futura, assinala o documento.

“Importa, no entanto, destacar que a etapa de recolha de informação junto das entidades foi mais alargada no tempo do que estava previsto”, devido à “dificuldade na mobilização de um conjunto alargado e diversificado de entidades envolvidas”.

O relatório demonstra que 63,1% dos sem-abrigo são naturais de outro concelho, sendo este dado mais acentuado nas mulheres.

São também as mulheres as que apresentam mais baixas habilitações literárias, sendo que 46% destas não têm nenhuma habilitação.

Dos 151 sem-abrigo, refere ainda o relatório, 33,4% não têm habilitações e 59,7% têm apenas 1.º ciclo ou 2.º ciclo do ensino básico.