"Aquilo que desejamos, enquanto artistas, é não fazer uma peça sobre algo em concreto, mas sobre tudo". É Milo Rau, nome incontornável do teatro europeu, que o diz no dossier que dedicamos nesta edição ao Festival de Almada.

Gonçalo Frota entrevistou o encenador suíço, mas também Peter Stein, outro gigante, que pega na "desesperança" e na "desolação" do clássico The Birthday Party, de Harold Pinter. E conversou com a actriz e encenadora libanesa Hanane Hajj Ali, cuja peça Jogging confronta-nos com o impossível – pode uma mãe matar um filho para aliviar o sofrimento da sua cria? – enquanto descreve um país tomado pela corrupção.

Falar "sobre tudo", abrir todas as possibilidades, não responder a uma função, a uma necessidade – para isso, já temos os trabalhos, os afazeres, o raio do carro que precisa de ir à oficina. Milo Rau talvez tenha encontrado das melhores definições sobre o que andam aqui a fazer os artistas.

Enrique Vila-Matas talvez concorde. "O romance é uma arte ambígua e profundamente antitotalitária", afirma o escritor catalão em entrevista. Montevideu é um dos seus melhores livros e aquele em que confessa ter descoberto o grande prazer da narrativa. "Não é para se perder, a não ser lá dentro", escreve Isabel Lucas.

É uma sexta-feira farta no que toca a discos, com PJ Harvey e Anohni and the Johnsons. Só sai em Setembro, mas já ouvimos Hit Parade de Róisín Murphy. Pedro João Santos entrevistou esta estrambólica e deliciosa rainha da pop, a propósito do concerto de dia 13, no Super Bock Super Rock.

Um importante ciclo na Cinemateca lança luz sobre o papel da Escola Superior de Teatro e Cinema no último meio século do cinema português. É uma oportunidade para ver filmes dos alunos daquela escola, entre os quais Pedro Costa, Joaquim Leitão, João Botelho, Ana Luísa Guimarães… "Podiam ter sido uma grande geração do cinema europeu", diz o director da Cinemateca, José Manuel Costa, que programou o ciclo.

Há mais neste Ípsilon: da literatura de Sofi Oksanen, Annie Dillard e Elizabeth Strout, aos filmes recomendáveis Nunca Chove na Califórnia, A Fuga do Capitão Volkonogov e Rabo de Peixe, passando pelo documentário Wham! e a música expansiva da Fire! Orchestra.

Boas leituras!


Miguel Sousa Tavares é o convidado do próximo Encontro de Leituras, o clube de leitura do PÚBLICO e da Folha de S. Paulo. Na terça-feira, 11 de Julho, o romance Último Olhar estará em discussão no Zoom, às 22h em Lisboa (18h em Brasília). Saiba como participar.


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